.
português / english
.
.
.
A Sacred Bond: The Horse in Human History / Um Vínculo Sagrado: O Cavalo na História Humana, por / by Sina Knoll
(ano XII . no XV . 2025 )
Will AI Make All Of Us Become Dr. Doolittles? / Irá a IA Fazer de Todos Nós Dr. Doolittles? por/by Sina Knoll
(essay / ensaio . 10 anos_10 years . no. XIV . 2024 – 2025)
.
Estudos Críticos Animais na Europa (Dossier) Critical Animal Studies in Europe
– conversa com Richard Twine sobre o Centro de Estudos Humanos-Animais (CfHAS) e os Estudos Críticos Animais / interview with Richard Twine on The Centre for Human Animal Studies (CfHAS) and on Critical Animal Studies, por / by Ilda Teresa de Castro
(entrevista / interview – no. X . 2018-2019)
Estudos Críticos Animais na Europa (Dossier) Critical Animal Studies in Europe
– conversa com Tereza Vandrovcová sobre a Associação Europeia para os Estudos Criticos Animais (EACAS) / interview with Tereza Vandrovcová on the European Association for Critical Animal Studies (EACAS), por / by Ilda Teresa de Castro
(entrevista / interview – no. X . 2018-2019)
Os académicos não devem considerar-se à parte – conversa com Rod Benisson, a propósito da Minding Animals International Incorporated, da Conferência Minding Animals e dos Estudos Animais / Academics should not consider themselves as apart – interview with Rod Benisson on the Minding Animals International Incorporated, on Minding Animals Conferences and on Animal Studies, por / by Ilda Teresa de Castro
(entrevista / interview – no. V . 2015)
.
.
.
Um Vínculo Sagrado: O Cavalo na História Humana
por Sina Knoll
.
«Um cavalo, um cavalo, o meu reino por um cavalo!»
— William Shakespeare
.
.
Rápidos, fortes, elegantes e gentis: os cavalos domesticados facilitaram a vida humana moderna. Foram essenciais para as viagens antes das locomotivas e dos automóveis, força de trabalho na agricultura, vitais nas guerras e nas campanhas de conquista. A sua potência e ternura despertaram, ao longo da nossa longa história partilhada, dois sentimentos profundos nos humanos: reverência e dominação. O cavalo, sendo grande e poderoso, poderia matar-nos. Contudo, pode ser tão dócil que uma criança o guia pelas rédeas. Os cavalos fazem emergir em nós o pior e o melhor: negligenciados, espancados, famintos, extenuados até à morte; mas também acarinhados como companheiros, terapeutas gentis e melhores amigos de raparigas adolescentes. Tudo isto faz parte da experiência humana com os cavalos. A nossa relação com estes seres belíssimos é de ambivalência e paradoxo. Talvez tenha chegado o momento de mudança.
.
aprox. 15.000 anos, Grutas de Lascaux, França (Third Chinese Horse)
Uma História Ancestral
Desde que os seus primeiros ancestrais vaguearam pela Laurásia, há entre 60 e 20 milhões de anos, os cavalos modernos parecem ter evoluído apenas no último milhão de anos. Antes da sua domesticação, por volta de 3500 a.C., eram caçados para alimentação. As pinturas rupestres da Idade da Pedra testemunham a sua importância no imaginário dos nossos antepassados. Reconhecíamos neles uma presença majestosa e divina. Divindades associadas aos cavalos incluem Pégaso, o alado filho de Poseidon, e Epona, deusa celta protetora dos cavalos, símbolo de fertilidade e viagem espiritual. Grandes reis de culturas equestres foram Genghis Khan, famoso pela sua cavalaria fulminante, e o citas Ateas, cujo povo guerreiro nómada amava e enfeitava os seus cavalos. Os citas criaram selas leves e sofisticadas, sem embocaduras agressivas, e foram, juntamente com os cimérios do antigo Irão, os primeiros comerciantes de cavalos. Mais tarde, mongóis e turcos também comercializaram cavalos selvagens domesticados. Assim, os cavalos espalharam-se pela Europa, Ásia e, eventualmente, por todos os continentes, incluindo a América. Ali, repetiu-se a história: os povos indígenas transformaram-se com os cavalos — caçando melhor, movendo-se com mais liberdade e venerando-os como símbolos sagrados.
.
figura de Pegaso em bronze
Símbolo de Poder e Espírito
Em muitas culturas, os cavalos eram animais dispendiosos, tornando-se sinais de estatuto de elite. Serviram como símbolo central de poder, nobreza, boa sorte e conquista em todo o mundo. O cavaleiro sobre o cavalo encarna o domínio sobre o animal e o território. Imperadores romanos, como Marco Aurélio, foram retratados montados, criando um arquétipo visual depois replicado por reis e cavaleiros europeus. A altura elevada de cavaleiros e reis montados era entendida como autoridade temporal e espiritual a fluir do céu através deles, os escolhidos celestiais.
Os cavalos de guerra da Idade Média incorporam de forma magnífica a nossa complexa relação com os cavalos, algures entre a dominação e a reverência. Por exemplo, o *Destrier*, o lendário corcel de batalha dos cavaleiros fortemente armados, tinha de suportar não só o peso do cavaleiro e dos seus até 30 kg de armadura, mas também a sua própria armadura.
.
Marcus Aurelius ca. 173-176 C.E. Cpitoline Museu de Roma
Os cavalos de guerra da Idade Média exprimem essa relação entre domínio e veneração. O destrier — corcel de batalha dos cavaleiros com armaduras pesadas — carregava não só o guerreiro e a sua couraça (que podia pesar até 30 kg), como também a sua própria armadura. Treinados para o combate directo, atacavam com patas e dentes, abrindo caminho entre linhas inimigas. A sua mera presença provocava pânico. Mas, a par desta força bruta, raças como o Andaluz espanhol eram valorizadas pela inteligência e ligação espiritual ao cavaleiro.
.
Codex Manesse, ca. 1300-1340
A Ligação Espiritual
Como um fio dourado que atravessa a nossa história comum, a conexão espiritual entre humanos e cavalos é profunda. Em tradições xamânicas, são vistos como seres-ponte, transportando almas ou mensagens entre mundos. Em várias crenças, as almas dos cavalos têm vida própria e evoluem. No Hinduísmo e Budismo, podem transitar por diferentes formas de existência. Lendas sobre cavalos falantes e viajantes entre mundos abundam em múltiplas culturas. Para o Budismo Tibetano, o “cavalo do vento” representa a alma humana; para muitos povos indígenas americanos, o cavalo é um ser sagrado ligado ao vento e aos espíritos. Os Lakota chamavam-lhe Sunka Wakan — “o cão misterioso” —, só o conhecendo após a chegada dos conquistadores espanhóis no século XVI.
.
cavalos selvagens em liberdade
Presença Curativa
Nos encontros físicos e directos, os cavalos impressionam pela sua dignidade natural, graça, vulnerabilidade e força. São mestres de compaixão e presença. A ligação com estes seres exige confiança, humildade e atenção — qualidades centrais em práticas espirituais. Reagem de imediato à nossa linguagem corporal e emocional, sem julgamento. São espelhos do nosso interior. Muitas pessoas descrevem montar ou estar com cavalos como um estado meditativo. O ritmo dos seus movimentos, a comunicação silenciosa e a necessidade de presença total podem trazer paz interior.
Na terapia assistida por cavalos, estes ajudam humanos a crescer e a curar-se. Também são usados para desenvolver competências de liderança. A sua linguagem é subtil e energética: falam com o corpo, com a respiração, com o posicionamento das orelhas, com o olhar. Compreendem emoções humanas muitas vezes antes de nós próprios — medo, tristeza, alegria, inquietação. Transmitem consolo e percepções espirituais. Criam laços profundos e memoráveis. Muitos descrevem momentos em que a fronteira entre humano e animal se dissolve. Talvez as percepções das antigas Amazonas como figuras divinas e míticos Centauros humanos-cavalo tenham tido origem em histórias ou observações de laços espirituais tão profundos entre humanos e animais.
Um Futuro com Respeito
Os cavalos sempre enriqueceram a vida humana. Mas, pelo menos no Ocidente, os tempos em que a sua exploração era questão de sobrevivência já lá vão. Chegou a hora de reconhecer este vínculo sagrado e pôr fim ao abuso. A indústria da equitação e da criação exige sacrifícios enormes aos animais. Paradoxalmente, alguns que se dizem “ligados” aos cavalos preocupam-se mais com lucro ou prestígio do que com a verdadeira ligação com o animal. Mortes em competições são muitas vezes encobertas. Cavalos morrem não só em provas, mas também depois, por lesões, exaustão, transportes, má alimentação ou negligência. Alguns até são explorados para recolher hormonas usadas noutras indústrias, como a criação intensiva de porcos.
Porquê esta obsessão humana em dominar e adornar-se com a “glória do cavalo”? Talvez seja medo. Medo da força do animal, sim, mas sobretudo medo da vulnerabilidade emocional que emerge quando verdadeiramente nos ligamos a outro ser. Um cavalo livre pode simplesmente escolher não estar connosco — e isso fere o nosso ego.
Os cavalos têm superpoderes: revelam os nossos medos, o nosso desejo de controlo, e ao mesmo tempo mostram-nos a possibilidade de verdadeira ligação, confiança e cuidado. O vínculo sagrado entre humanos e cavalos é um dos mais profundos que conhecemos — um espelho do nosso potencial para a dominação… mas também do nosso desejo mais íntimo de conexão autêntica com o mundo animal.
Um Tempo para Mudar
Os cavalos enriqueceram e impulsionaram a vida humana desde sempre. Os tempos — pelo menos no hemisfério ocidental — em que o consumo ou a exploração de um cavalo era uma questão de vida ou morte para um ser humano, ficaram muito para trás. Parece ter chegado o momento de nos concentrarmos nos entendimentos acima descritos e deixarmos de os maltratar. Até hoje, o comércio e a criação de cavalos exigem muitos sacrifícios destes animais. Paradoxalmente, alguns humanos que desejam ser vistos em admirável união com os cavalos, não estão realmente interessados numa verdadeira ligação com eles. Colocam acima do bem-estar dos animais, os ganhos monetários ou a atenção de outros humanos, através de espectáculos cuidadosamente planeados, como é o caso do negócio dos desportos equestres. Aqui, incidentes mortais são, na sua maioria, varridos para debaixo do tapete, apesar de as entidades oficiais oferecerem registos formais de fatalidades. Geralmente, apenas são noticiados os casos de morte ou de sofrimento evidente em público. Muitos cavalos morrem não durante, mas após espectáculos desportivos, devido a lesões ou exaustão ocultadas do público; outros durante o transporte, por má alimentação ou simples negligência. Para além dos que estão envolvidos nas indústrias desportivas, existem outras formas de abuso, como o caso de éguas prenhes exploradas de forma dolorosa para a extração de gonadotrofina coriónica — uma hormona que os humanos consideraram aceitável aplicar na criação industrial em massa de outros animais de pecuária, como os porcos.
O desejo humano de controlar, de se ornamentar com a glória do cavalo e de explorar a sua magia espiritual e física, leva alguns de nós a magoá-los gravemente, chegando mesmo a destruir-lhes por completo o corpo. Há um lado psicológico subjacente a este estranho comportamento humano. A necessidade de controlar pode nascer do medo humano, não apenas da força física do cavalo, mas também da nossa própria vulnerabilidade emocional, que emerge quando nos ligamos verdadeiramente a outro ser. Um cavalo livre de decidir pode decidir contra nós. E isso ameaça profundamente o nosso ego humano. Os cavalos têm, de facto, superpoderes — tornam visíveis os nossos medos e a nossa necessidade de controlo, ao mesmo tempo que nos oferecem a oportunidade de reconhecer o nosso potencial para uma verdadeira ligação, confiança e proteção. O vínculo sagrado entre humanos e cavalos permanece uma das nossas mais profundas relações — um espelho que reflecte tanto a nossa capacidade de dominação como o nosso desejo mais íntimo de uma ligação autêntica com o mundo animal.
.
mulher e cavalo.
fontes das imagens
1 – https://pxhere.com/de/photo/805703;
2 – https://archeologie.culture.gouv.fr/lascaux/de/der-aufbau-der-figuren;
4 – CC BY-SA 2.5, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=649765;
5 – https://digi.ub.uni-heidelberg.de/diglit/cpg848/0099/image,info;
6 – Vahob Momimov;
*Sina Knoll é produtora e produtora executiva na televisão alemã. Produziu filmes sobre a vida selvagem, documentários sobre a perda de biodiversidade e reportagens ambientais. É actualmente doutoranda em Estudos de Cinema e Televisão, na Universidade Nova de Lisboa, tendo como foco de investigação as narrativas dos documentários sobre animais.
.
A Sacred Bond: The Horse in Human History
by Sina Knoll
.
“A horse, a horse, my kingdom for a horse!” — William Shakespeare
.
.
Fast, strong, elegant and gentle: Tamed horses facilitated modern human life. Essential for our travels prior steam trains and cars, a work force in agriculture, and vital during war and conquering quests. Their power and gentleness have deeply triggered both in humans during our long shared history: reverence and dominion. Horses are large and powerful, and could theoretically kill us. At the same time, they can be so peaceful that a child may hold and lead them by the reins. Horses bring out the worst and best in us: neglected, beaten, starved, ridden to death, cherished as companions, gentle therapists, and best friends of adolescent girls. All this is part of the human horse experience. Our relationship with these beautiful beings is one of ambivalence and paradox. Maybe there is time now for a change.
.
approx. 15.000 year old Horse Painting in Lascaux Cave, France (Third Chinese Horse)
Ancestral History
Since their earliest ancestor roamed Laurasia 60 to 20 million years ago, modern horses appear to have evolved just during the last million years. Before their domestication probably around 3500 BC, we hunted these herd animals for food. The cave paintings from the stone age offer proof of their importance in our then experience of the world. We recognized their majestic, powerful being as divine. Deities associated with or shaped like horses include the winged Greek Pegasus, Poseidon’s child, and Celtic Epona, the goddess protector of horses, symbol of fertility and spiritual travel. Famous kings of horse cultures were Mongolian Genghis Khan, known for his powerful cavalry and conquering successes, and Scythian Ateas, whose nomadic warrior people loved and adorned the animals. The Scyths developed advanced light riding gear without spiked bits or muzzles. Together with one of their subsidiary cultures, the ancient Iranian Cimmerians, they are known as first horse traders. Later the Mongolians, and the Turks traded tamed wild horses, too. In result the animals spread out all over Europe and Asia, and from here to all other continents including America. Their history repeated itself like formerly in Europe and Asia: Horses transformed the lives of American indigenous peoples, enhancing their hunts, increasing their mobility, and becoming sacred cultural symbols.
.
bronze Pegasus horse figure
Power and Spirit Symbolism
In many cultures, horses were expensive animals, making them signs of elite status. Horses served as a central symbol of power, nobility, good fortune and conquest all over the world. The rider on a horse resembles an ability to command and control—both the animal beneath and the realm and its subjects. Roman emperors like Marcus Aurelius were depicted on horseback, establishing a visual precedent that later European monarchs and knights eagerly adopted. The elevated height of mounted knights and kings was understood as temporal and spiritual authority flowing down from the heavens through them, the heavenly chosen ones.
.
bronze Marcus Aurelius on horse scuplture, years ca. 173-176 C.E., Cpitoline Museum Rome
The war horses of Middle Ages beautifully embody our complex relationship with horses, somewhere between domination and reverence by humans. E.g. the Destrier, the legendary battle steed of heavily armored knights, had to carry not only the weight of the rider and his up to 30 kg of armor but its own suit of armor, too. These horses had to be otherworldly strong and were trained for direct combat—to kick, bite, and fight through battle lines. In some cases, their seemingly invincible appearance was enough to drive an opponent in shock and awe off the battlefield. Yet alongside this martial prowess, horse breeds like the Spanish Andalusians were prized not just for their physical qualities in warfare, but for their intelligence and spiritual connection with their human riders.
.
Knights fighting in armed horses, Codex Manesse, ca. 1300-1340
Spiritual Connection
Running through our cultural traditions like a golden thread and weaving together our long shared history is the spiritual connection between humans and horses. In shamanic traditions, they often are regarded as bridge beings—carrying souls into the afterlife or transmitting spiritual messages as soul guides and companions between worlds. There are various religious ideas about the life of horse souls. In Hindu and Buddhist traditions, their souls can wander through various forms of existence and develop further during their lives and after death. Across different cultures and millennia legends of speaking horses and horse travelers between material and spiritual worlds are documented. The Tibetan Buddhist concept of the “wind horse” represents the human soul, also many indigenous peoples of the Americas saw horses as sacred beings connected to wind and spirits. The Lakota called the hoofed animals “Sunka Wakan”—the “mysterious dog”—having known horses only since the 16th century after their re-introduction to the continent by the Spanish conquistadores.
.
Free Ranging Horses
Healing Presence
When looking into physical one-to-one encounters, horses in their natural dignity and grace, their vulnerability as flight animals and impressive physical strength, are extraordinary teachers of compassion and mindful presence for us humans. The connection to such large, powerful beings requires trust, humility, and mindfulness—qualities that are also central to spiritual practices. Horses react immediately to our energetic radiation, body language, and emotional states without judgement. This quality makes them powerful mirrors of our inner condition. Many people describe riding or being near horses as meditative. The rhythmic movements, the rider’s required presence in the moment, and the nonverbal communication can lead to deep inner peace. In Equine assisted therapy horses help humans in designed interaction to heal, grow and develop key life skills. Equally, horse assisted trainings are offered to executives in order to help them improve their leadership skills. As horse communication occurs largely through energy and subtle body language they “speak” through their presence, their breathing, the smallest movements of their ears, or changes in their posture. This nonverbal language is very honest and direct. They often can perceive human feelings, maybe even better than humans themselves. Horses are described to sense fear, sadness, joy, or inner restlessness before these emotions become conscious in us. For humans these capacities convey comfort, or spiritual insights. Besides, horses have great capabilities to memorize emotional connections and can form deep bonds with other beings. Many horse people describe moments of deep connection where boundaries between human and animal seem to blur and souls touch. Maybe perceptions of the ancient Amazon as god-like and mythical human-horse Centaurs once originated from stories or observations of such deep human-animal spiritual bonds.
A Time to Change
Horses have enriched and promoted human lives always. Times—at least in the Western hemisphere—where the consumption or exploitation of a horse was a question of life and death for a human are long past us. It seems time is due now for us to focus on above-described understandings and stop abusing them. Until today horse trading and breeding demands many sacrifices from the animals. Paradoxically, some humans who wish to be regarded in admirable union with horses are not interested in a true connection with them actually. Higher than the well-being of the animals they value monetary gains or the attention of other humans by way of eagerly designed spectacles, e.g. in the business of horse sports. Here, deadly incidents are mostly rugged under the carpet despite official organs offering official registry of fatalities. Mostly only those dying or displaying unmistakable signs of suffering publicly are reported. Many horses but die not during yet after sport spectacles from injuries or exhaustion hidden from the public, others during transportation, or because of wrong nutrition, and mere neglect Next to those in sport industries there are other forms of abuse like pregnant horses being painfully exploited for chorion gonadotropin, a hormon that humans thought was an acceptable idea to apply in mass factory breeding of other livestock such as pigs.
Human desire to control, ornament oneself with horse glory and use their spiritual and physical magic pushes some of us to hurting them badly, even destructing their bodies fully. There is a psychological side underneath this strange human behaviour. The constraint to control might stem from human fear, not only of the physical strength of the horse yet our own high emotional vulnerability that emerges when we truly connect with another being. A horse who is free to decide might decide against us. This simply threatens our human ego tremendously. Horses truly have super powers—they make visible our fears and need for control while offering us to recognize our potential for true connection, trust and protection. The sacred bond between humans and horses remains one of our most profound relationships—a mirror that reflects both our capacity for domination and our deepest longing for authentic connection with the animal world.
.
Woman and Horse
.
image sources:
1 – https://pxhere.com/de/photo/805703;
2 – https://archeologie.culture.gouv.fr/lascaux/de/der-aufbau-der-figuren;
4 – CC BY-SA 2.5, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=649765;
5 – https://digi.ub.uni-heidelberg.de/diglit/cpg848/0099/image,info;
6 – Vahob Momimov;
.
*Sina Knoll is a producer and production executive for German TV. Sina has produced wildlife films, documentaries about biodiversity loss and eco reports. She is pursueing a PhD in Film and Television Studies at Universidade Nova de Lisboa, Portugal where she investigates narratives of animal documentaries.
.
.
Irá a IA Fazer de Todos Nós Dr. Doolittles?
Sina Knoll*
.
E de repente, a IA está em todo o lado. Embora a vida robótica e ciborgue seja tema na literatura e no cinema há muito tempo, os cenários actuais de robôs como parte integrante do nosso quotidiano não refletem exclusivamente o conforto e a diversão que nos sugeriam as previsões e cenários de antigamente.
Estamos num mundo em que um pequeno grupo de homens do Silicon Valley, nos EUA, criaram uma nova forma de inteligência na Terra que pode exceder a nossa de tal forma que os humanos poderão extinguir-se na sua forma de vida actual. E rápido. Pelo menos é assim que alguns dos que inspiraram ou iniciaram o desenvolvimento de novos sistemas de auto-aprendizagem, subitamente, alertam o resto do mundo em palestras e nos meios de comunicação. Todos homens. Nunca encontrei na web uma mulher que tenha subido ao palco nos encontros de especialistas ou em palestras. Robôs – o derradeiro sonho molhado dos homens: a sua mão-de-obra não remunerada, controlável, obediente, ajustável e descartável. As Novas Mulheres de uma Nova Terra Tecnocrata.
No entanto, há quem diga que formas específicas de inteligência artificial poderão eventualmente desenvolver consciência e tornar-se auto-conscientes. Aparentemente, é possível que os modelos de IA demonstrem capacidades emergentes que os seus programadores não pretendiam nem previram e para as quais não têm explicação científica. Afinal, a IA pode não ser tão servil e controlável quanto desejado. Isto tornou-se óbvio numa fase em que a super inteligência baseada no computador está apenas no início.
E agora? Os EUA acabam de lançar uma rede militar de satélites Swarm na órbita da Terra, enquanto a Rússia, China e outros países, há muito que se juntaram a este jogo de competição económica e militar de IA. A probabilidade de alguém no poder ter programado a IA para a guerra, e para a vigilância e exploração humana, física e mental, são conceitos sobre os quais precisamos urgentemente de (nos permitir) reflectir, a fim de implementar leis e medidas sólidas, e controlar as instituições nacionais e internacionais para prevenir o que ainda é possível, nesta fase. Em nome das nossas vidas, da liberdade e das democracias.
Além disso, à medida que enfrentamos crescentes desafios na manutenção da actual procura energética para sustentar a vida humana, surge a necessidade premente de explorar novas fontes de energia para alimentar os parques de servidores em todo o mundo. Qual é agora o plano em curso? Lançamos mão de uma série de inovações energéticas para suportar uma infraestrutura cada vez mais dependente de tecnologia, sem antes questionar o impacto desse desenvolvimento sobre o ambiente e a sociedade?
Tendo aberto essa caixa de Pandora, alguns dos que condicionaram oito mil milhões de seres humanos — sem nunca os terem questionado acerca deste “negócio fechado”, e apenas impulsionados por uma combinação de curiosidade científica, pensamento separatista, competição pessoal e acima de tudo, ganância e ganho comercial —, agora, diante deste panorama, tentam criar e treinar formas de IA que sejam amigáveis, conscientes e socialmente responsáveis. Veremos o resultado em breve.
Além disso, uma nova religião tecnológica floresce e atrai as atenções na Califórnia americana dos dias de hoje, segundo a qual deveríamos casar a IA com os nossos corpos e mentes, para de alguma forma sobrevivermos enquanto espécie, por entre os robôs super inteligentes. Como se se tratasse de um novo passo na evolução humana, tal como sugerem, entusiasmados, os transhumanistas. Hoje mesmo, as nossas sensações, emoções e experiências são aliciadas por informação que estrategicamente nos alimenta, providenciada por monitores, ultimamente também por viseiras electrónicas, tais como os óculos de realidade aumentada da Vision Pro da Apple, e similares.
Um conceito muito particular da ideologia transhumanista é levar isto mais além através do vestuário, com dispositivos nanotecnológicos nos nossos corpos, sob a forma de têxteis inteligentes, para conectar os nossos pensamentos e funções físicas através da internet a servidores, ou nanotecnologia externa, a partir da qual os nossos corpos podem ser orientados, melhorados e entretidos. Quem supostamente nos irá conduzir, a nós e à nossa percepção, a partir de fora? A Google ou o Facebook? Os Governos? Os totalitários?
De acordo com as ideias transhumanistas, toda a consciência humana — que para esta ideologia é uma espécie de imitação dos nossos cérebros — poderia supostamente ser descarregada numa nuvem e a partir daí ser carregada para novos corpos ou robôs e, através desta viagem espacial, entrar inclusivamente na era da imortalidade. Para já, são ideias. Tudo isto estaria ao nosso alcance mediante um plano de assinatura mensal obrigatório, deduzo. Se nos tornarmos meta-humanos, como discutido em (https://www.thekurzweillibrary.com/pdf/RayKurzweilReader.pdf) com todo o nosso ser simplificado através de chips no cérebro, reduzidos a uma unidade tecnológica programável e acessível na nuvem, isso oferece um enorme retorno politico e comercial para as estruturas de poder: abrindo as portas à vigilância electrónica das pessoas e manipulando e pirateando directamente o pensamento do neocórtex.
Esta não parece ser uma religião a que a maioria das pessoas se queira juntar. Como a humanidade é um corpo diverso, já estão a surgir contra-movimentos que procuram um retorno ao modo de vida analógico, explorando formas naturais de pensar e sentir humanos, que alguns defendem ser mais profundas, inteligentes e gratificantes, e distantes da influência estratégica das corporações e dos opinion makers. Mas as redes de comunicação de internet estabelecidas mesmo nas áreas mais remotas da Terra, poderão muito em breve relegar o ser humano analógico a uma memória nostálgica de um passado irrecuperável.

source: Pixabay
No meio de tudo isto, para a maioria das pessoas na Terra que vive e actua fora das corporações tecnológicas e dos seus ambientes fechados e projetos e ideias um tanto confusas, gostaria de retroceder um pouco, mudar o ângulo de visão e perguntar: Onde ficam os animais não-humanos no meio de tudo isto? Que lugar têm num planeta tão radicalmente alterado? A integridade da vida dos animais será valorizada pelas máquinas e pelos híbridos humano-máquina? Os animais sentem dor, têm consciência, necessidades e aspirações físicas e psicológicas.
Presumo que o risco de serem ainda mais objectificados e até anulados, equiparados e tratados, não como o são ainda, mas como vida robótica descartável e não senciente, é maior do que nunca. De momento, a questão animal parece estar completamente ausente do debate e da análise no discurso dominante sobre cenários futuros de IA ou sobre formas já existentes de implementação de IA na vida dos animais. É provável que isto tenha fortes implicações na agência dos animais, na sua possibilidade de fazer escolhas, sobretudo se considerarmos o surgimento acelerado das novas tecnologias de IA. Os humanos já utilizam a IA na pecuária industrial, por exemplo, para optimização da reprodução e do crescimento, com o objetivo de aumentar rendimentos privados comerciais (https://www.youtube.com/watch?v=Tmv47xlIZXc).

source: iStock
Para além do mais, a IA é reconhecida hoje em dia para fins de conservação da vida selvagem, devido à capacidade de monitorização e análise de dados em grande escala (https://saiwa.ai/blog/ai-in-wildlife-conservation/). Embora a utilização da IA pareça desejável no combate ao tráfico de vida selvagem ou na redução de colisões de veículos autónomos com animais, a título de exemplo, o que geralmente vemos refletido na maioria das ferramentas de IA relativamente a animais é o velho paradigma de poder dualista: animais não-humanos são classificados, monitorizados e controlados para consumo ou qualquer outro benefício humano, ou geridos da forma que os humanos consideram mais adequada para os humanos.
Em suma, a implementação da IA é essencialmente feita com modelos inalterados, mantendo uma abordagem utilitária em relação aos animais, como recurso ou objecto de investigação que faça sentido a um mundo humano, em vez de alterar e melhorar as vidas dos animais para eles-próprios, como I-subjects.
No seu artigo “The Animal Turn” (MIT Press Direct, 2007) Harriet Ritvo salienta a preponderância de perspectivas muito distintas sobre os animais nas diferentes disciplinas científicas e, por conseguinte, na sociedade humana. A fim de mantermos determinados benefícios decorrentes da exploração de vidas animais, simplesmente ignoramos as descobertas científicas que demonstram que tais práticas não são éticas.
Actualmente, muitos indivíduos anseiam por novos modelos – ou talvez antigos e originais – de viver com os animais, num nível horizontal em vez de vertical, desencadeados pela sua experiência com animais reais. A única barreira para a realização plena deste desejo são as práticas comerciais padronizadas, amplamente difundidas e impostas por poderosos intervenientes políticos e privados, especialmente pelas indústrias química, médica e da biotecnologia, pela agricultura, pesca e entretenimento. Para proteger e respeitar eficazmente a integridade física e mental dos animais, é essencial que se estabeleçam bases científicas sólidas, ancoradas em narrativas populares que ganhem destaque, inicialmente lideradas por personalidades e meios de comunicação influentes, para posteriormente serem respaldadas pela legislação.
A IA poderia ser uma ferramenta crucial para alcançar esses resultados científicos. Novos e revolucionários. Talvez. Ponderados os riscos de abuso por parte de terceiros e ainda que a actual abordagem seja conservacionista dualista, uma iniciativa poderá oferecer as bases para uma mudança de paradigma significativa, a longo prazo.

source: Pixabay
Refiro-me ao Earth Species Project – ESP, com sede nos EUA (https://www.earthspecies.org/). No ESP, a IA está a ser implementada com o objetivo de decifrar as comunicações auditivas dos animais e traduzi-las, para melhor compreensão humana e para facilitar a comunicação bilateral entre humanos e animais. Essencialmente, define-se como a tradução de conceitos captados tecnologicamente a partir da linguagem animal para a linguagem humana e a reprodução das gravações junto dos respectivos animais, a fim de estabelecer uma comunicação bilateral. Os dados fornecidos às máquinas de aprendizagem são, a título de exemplo, recolhidos a animais identificados ou com recurso a microfones especiais tais como hidrofones.
Um dos co-fundadores da iniciativa, Aza Raskin, afirma numa conversa no Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=qHNhBapJkd8 ) que poderia ser o nosso “trabalho coletivo, fazer pender o arco da tecnologia na direcção de sermos capazes de ouvir, de estarmos conectados com o mundo à nossa volta, mudando a nossa perspectiva para nos tornarmos os cuidadores deste lugar incrível que chamamos de lar…” Mais tarde, na mesma conversa, o entrevistador pergunta: “E se não gostarmos do que eles (os animais) dizem?” Esta questão permite uma simulação de pensamento em diferentes direcções, desde animais que acusam os humanos por causa do seu comportamento exploratório, e tantas vezes torturador em relação a eles próprios e aos seus espaços de vida — era o que parecia que o entrevistador tinha em mente —, ou quererem comer-nos ou remover-nos da Terra, até estarem genuinamente interessados em interagir e trocar ideias ou, simplesmente, não terem qualquer interesse em falar connosco.
Embora as ferramentas de IA que imitam a linguagem original possam reproduzir sons de forma quase indistinguível dos originais, as tentativas de traduzir linguagem e pensamentos, especialmente em relação a imagens ou texto, podem resultar em interpretações falsas e bizarras. No entanto, avançar na compreensão da linguagem animal, que engloba expressões em frequências e sinais olfativos imperceptíveis para os sentidos humanos, e integrar essas descobertas na forma como os humanos conceituam o significado e constroem a realidade, pode, de facto, oferecer vastas oportunidades para uma nova compreensão a partir de conversas directas. Estas podem fornecer insights sobre as necessidades dos animais, a sua relação connosco e como podemos ajudar a melhorar as suas condições de vida, transformando profundamente a nossa noção de poder e de existência no mundo.
Dito isto, a humanidade ainda precisaria de estar disposta a transformar estas percepções em acções e a mudar os seus comportamentos em larga escala. Mesmo sem compreendermos muito bem as especificidades das suas linguagens, há muito tempo que reunimos imensa informação sobre os animais e as suas formas de comunicar. Ainda assim, enquanto coletivo humano à escala global, não demonstrámos adesão a novas práticas culturais que pudessem refletir tais percepções.
Por outro lado, historicamente, é frequente que a mudança de perspectiva e comportamento humano colectivo não seja desencadeada pelo nosso conhecimento sobre as necessidades de um grupo social menos poderoso, sendo antes esse mesmo grupo, que vivencia as desigualdades e a própria opressão, que começa a organizar a oposição e a aumentar a pressão sobre o resto da sociedade e respectivas instituições para a mudança. Em segundo lugar, a decifração da linguagem animal poderia ser usada pelas indústrias em detrimento dos animais, como por exemplo, na possibilidade de extermínio de determinados animais indesejados e no controlo mais eficaz de outros, com propósitos egoístas, económicos ou pessoais, tirando mais proveito das comunicações relacionadas com movimentações e acções planeadas — basta pensarmos nos designados controlo de pragas, na agricultura, na construção, nas pesquisas de laboratório, no entretenimento e na caça furtiva.

source: ESP Technical Roadmap, 2022
No entanto, o antigo sonho dos humanos de poder comunicar diretamente com os animais alimenta a esperança de uma expansão significativa da consciência humana e animal, e de um mundo melhor para todos juntos. Imagine ferramentas de IA que possibilitem a representação dos animais num senado, aliança ou federação mundial de seres da Terra, onde as necessidades e interesses dos animais fossem debatidos, com capacidade para exercer influência e fazer reivindicações. Novas plataformas para negociar os espaços dos animais, em relação a qualquer forma de poluição e exploração, poderiam ajudar a melhorar a vida animal na Terra, equilibrando forças, em modos de vida paralelos ou interligados. Imagine que os atropelamentos eram considerados homicídio involuntário e que a saúde animal face à poluição fosse legalmente protegida face a indústrias como a agricultura, a construção ou outras atividades que restrinjam e prejudiquem a vida animal.
Da mesma forma, os testes em animais poderiam ser proibidos, a menos que o indivíduo-animal consentisse voluntariamente na sua participação, tal como seria inviabilizado o consumo dos corpos dos animais e os seus fluidos, como o leite. Dada a vasta influência de muitas indústrias actuais, que lucram com uma visão e práticas culturais que tratam os corpos dos animais como exploráveis e descartáveis, a transição para novas formas de convivência entre humanos e animais não seria tarefa fácil, e certamente não ocorreria sem enfrentar lutas e conflitos, mesmo com as vozes dos animais traduzidas pela IA. No entanto, devemos manter a esperança. O que pode verdadeiramente permitir-nos tratar os seres animais como indivíduos autónomos e nossos pares é o facto de muitos humanos já estarem a refletir sobre formas de relacionamento humano-animal que valorizam os animais não apenas como referência para com o humano, mas como seres intrinsecamente iguais, com base unicamente na sua própria existência.
Para aqueles que defendem que os animais merecem o direito e o espaço que lhes permitam ser saudáveis e respeitados por si mesmos, ao nosso lado e entre nós, um argumento adicional pode ser crucial: o lugar que reservamos para a vida animal na próxima era da robótica e dos meta-humanos, promovida por empresas de tecnologia, pode depender da nossa capacidade de reconhecer que evoluímos como seres interligados com outras formas de vida ao longo de dez milhões de anos. A diversidade de cerca de 7,8 milhões (ou possivelmente mais) de formas de vida animal estimadas até hoje na Terra tem sido uma força motriz que desafiou e inspirou o nosso pensamento, dando significado ao nosso mundo humano.
Muitas vezes, os animais têm sido fonte de inspiração e modelos para os nossos avanços tecnológicos. Na sua multiplicidade existencial, os animais têm sido uma fonte para a evolução das nossas capacidades cognitivas, da nossa inteligência, linguagem e da nossa habilidade de continuamente adquirir novas competências cognitivas. Também contribuem para a abundância de recursos, na medida em que cada espécie, incluindo as plantas da Terra, desempenha um papel na homeostase do nosso planeta, tornando a nossa vida aqui possível.
Nem toda a gente vai querer transformar-se num ciborgue ou ser reduzido a uma seleção dos seus pensamentos carregados numa máquina, mas sim permanecer inteiro e evoluir como humano dependente, entre outros, de oxigénio, água limpa e comida para um corpo que carrega tudo: mente, consciência e uma alma. Os corpos físicos dos animais, os seus sentidos e capacidades para se deslocarem e permanecer em lugares e ambientes inacessíveis para nós, oferecem-lhes maneiras muito diferentes da nossa de vivenciar a Terra.
Que perspectiva emocionante saber mais sobre este assunto. Se pudermos falar diretamente com eles e eles connosco, isso poderá facilitar um novo salto na evolução humana, com a aprendizagem de formas de sentir, pensar e ser que não podemos sequer vislumbrar sem que eles no-las comuniquem e esclareçam. Permitir que todos os seres prosperem e se desenvolvam à sua maneira, sem se dominar, explorar ou aniquilar mutuamente, e criar tecnologias que facilitem o alcance e a manutenção disso mesmo, seria uma verdadeira evolução no sentido de uma Terra 3.0.
.
*Sina Knoll é produtora de filmes sobre vida selvagem e gerente de produção na TV alemã. Recentemente, Sina produziu um documentário sobre a destruição ambiental e a perda de biodiversidade e trabalhou numa série de seis partes que retrata a vida selvagem nas praias da Europa. Está a fazer o doutoramento em Estudos de Cinema e Televisão na Universidade Nova de Lisboa, Portugal, onde investiga narrativas de documentários sobre animais.
.
.
Will AI Make All Of Us Become Dr. Doolittles?
by Sina Knoll*
.
And suddenly AI is everywhere. While robotic and cyborg life have been subject of literature and film since long presently outlined scenarios of robots being part of our everyday lives do not necessarily sound only accommodating and fun as they might have in future predictions and scenarios on the topic once.
We find ourselves in a world where a few men from the U.S. Silicon Valley have created a new form of intelligence on Earth which can exceed our own by so far that humans might go extinct in their present life form. Fast. At least that is what some of those who inspired or started the development of the new self-learning tech beings themselves suddenly are warning the rest of the world about in talks and media. All are Men. Never a woman sits on stage in expert rounds or lectures on the subject I found on the Web. Robots – men´s ultimate wet dream: Their controllable, obedient, adjustable and disposable new form of unpaid labor. The New Women of a New Technocratic Earth.
Albeit, suddenly specific forms of artificial intelligence might become aware of themselves and develop consciousness, some say. Apparently, AI models can show emergent capabilities their programmers did not intent and expect, and for which they have no scientific explanation. AI might not be so servant and controllable as desired after all. This has become obvious at a stage where the computer-based form of super intelligence is just entering its dawn.
What now? The U.S. just lounged a military network of swarm satellites into Earth`s orbit while Russia, China and other countries have long joined this game of AI military and commercial competition. The likeliness someone in charge has programmed AI for war, human surveillance, and human physical and mental exploitation are concepts we urgently need to allow ourselves to reflect upon, in order to implement stable measures and laws, and controlling national and international organs to prevent what still can be at this stage for the sake of our lives, freedom and democracies.
Besides, a lot of or new forms of energy will be required to feed the machines and their server farms worldwide while we face more and more problems even maintaining today´s energy demand for human life alone. What`s the plan here? Having opened Pandora`s box some of those who have put eight billion humans on Earth without ever asking them in this “a fait accompli” driven by a mix of genius scientific spirit, separatist thinking, personal competition, and above all desires of commercial gain, now attempt to create and train cordial and caring, or woke AI forms to change course. We will see the outcome soon.
Also, blossoming from out U.S .California a new tech religion attracts attention these days according to which we should marry AI with our human bodies and mind in order to still somehow survive as a species among the super intelligent robots. As a new step of human evolution like the transhumanists suggest and play with. Already today our sensations, emotions and experiences are entertained by information we are strategically fed with via media screens, lately also electronic visors, think of augmented reality glasses, Apple`s Vision Pro, and alike.
One very special idea of the transhumanist ideology is to take this one step further by having wearables like nanotechnological devices in our bodies to connect our thoughts and physical functions via the internet to servers or external nanotech from where our bodies can be steered, improved and entertained. Who is supposedly going to steer us and our perception from the outside? Google or Facebook? Governments? Totalitarian ones?
According to transhumanist ideas all human consciousness — in this ideology this is some kind of imitation of our brains — could supposedly be downloaded in a cloud and from there be uploaded to new bodies or robots and by this travel space, even enter into an era of immortality. So far the ideas. All possible for you and me within the obligatory monthly subscription plan, I guess. If we became meta-humans (https://www.thekurzweillibrary.com/pdf/RayKurzweilReader.pdf) and our whole beings simplified, brain-chipped and reduced to downloadable, programmable technological units accessible in a cloud this could in return offer political and commercial power structures new grand possibilities to electronically surveil people and hack and manipulate their thoughts directly in the neocortex.
This does not sound like a religion, the majority of humans would want to join. As humanity is a diverse body counter-movements are already emerging, where humans try to retreat in analog lives and by this tap into — some say deeper, smarter and more fulfilling — natural ways of human thinking and feeling without being constantly strategically communicated to by corporations and opinion-makers through electronic data streams. However, mobile satellite communication networks establishing Internet even in most remote areas of Earth could very soon make the analog human being a sweet dream of an irretrievable past.

source: Pixabay
Amidst such for most people on Earth who live and operate outside tech corporations and their enclosed scenes somewhat confusing developments and ideas I would like to take a few steps back, shift our view into a different direction and ask: Where are the non-human animals in all this? What would be their place on such an extremely altered Earth? Do machines or human-machine hybrids value the integrity of animal lives? Animals feel pain, have consciousness, physical and psychological needs and desires.
I feel, risks they will become further objectified, even reduced, placed next to and treated not as what they are yet like disposable robotic, non-sentient life are greater than ever. In present mainstream debates and discussions about future AI scenarios or already happening forms of AI implementation in animal lives the animal question seems to be completely absent. This is likely to have strong implications on the agency of animals, especially when considering the fast speed in the emergence of new AI technologies. AI is already used by humans in factory farming, e.g. for optimized breeding and growing in order to increase private commercial outputs (https://www.youtube.com/watch?v=Tmv47xlIZXc).

source: iStock
Also, AI presently is praised for wildlife conservation purposes through its large-scale monitoring and data analyzing capacities (https://saiwa.ai/blog/ai-in-wildlife-conservation/). While AI that e.g. helps end wildlife-trafficking or recognizes wildlife when driving in automated vehicles seems desirable, what we generally see reflected in the majority of AI tools in the realm of the animal is the old dualist power-paradigm: Non-human animals being sorted, monitored and controlled for human consumption or other human welfare, or managed in ways humans think are best suitable for them.
All in all, AI mainly is implemented in ways not changing yet manifesting a utilitarian approach towards animals as a human resource or object of investigation to make sense of a human world, rather than altering and improving animal lives for themselves, as I-subjects.
Harriet Ritvo pointed in her 2007 MIT press article The Animal Turn to the fact how very different perspectives on animals prevail in different scientific disciplines and hence, human society. In order, to maintain certain human benefits from exploiting animal lives we simply disregard scientific findings who demonstrate such practices as unethical.
Many humans today desire new — or maybe old for original — ways of living together with animals on a horizontal instead of vertical level initiated by their experience of real animals. The only way stopping them to live this desire at its core are normalized commercial practices manifested and lobbied for by political and private powerful players, mainly from biotechnology, chemical and medical, agriculture, fishing and entertainment industries. To effectively protect and respect the physical and mental integrity of animals, scientific results offering grounds and demanding such must become more deeply implemented into human worlds through popular mainstream narratives, initially led by influential people and media before legislations will follow.

source: Pixabay
AI could help us get such scientific results. New and revolutionary ones. Probably. While also containing risks for abuse by third parties and momentarily still taking a dualist conservationist approach one initiative might on the long-term offer grounds for a significant paradigm shift.
I am talking about the US-based Earth Species Project (https://www.earthspecies.org/). At ESP AI is implemented to decipher auditory animal communications and translate them for better human understanding as well as to facilitate bilateral human-animal communication. Basically, it is the translation of technologically perceived concepts of animal language into a human language of meaning and play the recordings back to respective animals, to establish bi-lateral communication. The data to feed the learning machines is e.g. collected via tagged animals, or use of specialist microphones like hydrophones.
One of the initiative`s co-founders, Aza Raskin, states in a conversation on Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=qHNhBapJkd8) it would be our “collective job in bending the arc of technology towards being able to listen, be connected with the world around us, and for shifting our perspective to be stewards of this incredible place we call home…” Later on in the same conversation the interviewer asks: “What if we do not like what they (the animals) are saying?” This question allows for a thought simulation in different directions from animals accusing humans for their exploitative, often torturous behavior towards them and their living spaces — what the interviewer seemed to have had on her mind — over wanting them eat or remove us from Earth to being genuinely interested in interacting and exchanging thoughts with or just not being interested in talking to us humans at all.
While AI tools imitating original language are almost not distinguishable from the original sounds, translation attempts of language and thoughts, especially when this is into image or text can presently still lead to weird, falsified outcomes. However, getting closer to understanding animal language, including all utterings in frequencies, likewise olfactory signals, not perceivable by human senses, and integrating such findings into ways how humans conceptualize meaning and create reality indeed can hold great opportunities for new forms of first-hand conversations that can offer insights about animal needs, their positioning towards us, how we could help improve their life situations and by far alter our concepts of power and being in the world.
This said, humanity would still need to be willing to turn such insights into action and change its behaviors on a large scale. Even without greatly understanding their specific languages we have already been gathering a lot of information about animals and their communications since a very long time. Still, we have not demonstrated to offer space for new cultural practices reflecting such insights as a human collective on a global scale.
Besides, usually in history a change in collective human perspective and behavior was not initiated by our knowing about the needs of a less-impowered societal group yet that group who experienced disadvantages and oppression itself started formulating opposition and increased pressure on the rest of society and its institutions for change. Secondly, deciphering animal language could be used by industries to the disadvantage of animals, e.g. in being able to terminate certain unwanted animals and better control others for commercial or personal selfish interests by tapping into their communications about their planned movements and actions more easily, think of so-called pest control, agriculture, construction, lab research, human entertainment and poaching.

source: ESP Technical Roadmap, 2022
However, the old human dream of being able to directly speak with animals does stir hope for a strong expansion of human and animal consciousness and a better world for all of us together. Imagine AI tools facilitating animal representatives in a world senate, alliance, or federation of Earth beings where the needs and interests of animals are debated, lobbied, and fought for. New platforms for negotiating animal spaces regarding any form of pollution and exploitation could help improve animal life on Earth, standing next to us rather than below us, in parallel or entangled ways of living. Imagine if roadkill were regarded as involuntary manslaughter, and animal health in the face of pollution a good that must be legally protected from industries such as agriculture, construction, or other activities that restrict and damage animal life.
Equally, animal lab testing could become impossible unless the individual animal voluntarily agrees to take part, as would the consumption of animal bodies and fluids like milk. In the face of the power scale of many present industries profiting from human perspectives and cultural practices that handle animal bodies as exploitable and disposable, this transition, even with AI-translated animal voices, into new forms of human-animal life alongside each other would likely be no easy feat without fights and conflicts. Yet, let’s have hope. What could finally allow ourselves to treat animal beings as fully self-directing individuals and fellows is that many humans already seem to be reflecting forms of human-animal relationships that value animals not just in reference to the human but as inherent equals simply grounded in their own existence.
For those to whom animals deserving the right and space to be healthy and respected just for themselves next to and among us is not argument enough: Where we will place animal life in the upcoming tech corporate promoted era of robotics and meta-humans could depend on our ability to remember having evolved as beings among and together with other animals over the course of ten million years and how the diversity of an estimated 7.8 million (or many more) different animal life forms estimated as of today on Earth activated and challenged our thinking and making sense of our human world, with them often being inspirations and models for our technological developments.
Animals are in their multifold of being a source for the evolution of human cognitive abilities, our intelligence, language as well as our ability to acquire continuously new cognitive skills. They also help creating an abundance of resources because every single species including Earth´s plants plays a role in the homeostasis of our planet and hence, in making our human life here possible.
Not everyone will want to become a cyborg or be reduced to a selection of his or her thoughts uploaded to a machine yet stay whole and evolve further being human needing among other oxygen, clean water and food for a body carrying it all: mind, consciousness and a soul. Animal physical bodies, senses and abilities to go to places and stay in environments we cannot, offer animals very different ways of experiencing Earth than we do.
What an exciting perspective to learn more about this. If we can directly speak with them and they with us this might facilitate a new leap of evolution for humans learning about ways of sensing and thinking, of being we cannot imagine in the slightest if not told and enlightened about by animals. Allowing all beings in their very own ways to thrive and grow without exercising power over, exploiting, destroying one another and building technologies that help achieve and maintain exactly this would be a true evolution towards an Earth 3.0.
.
*Sina Knoll is a wildlife-film producer and production manager for German TV. Recently, Sina has produced a documentary on environmental destruction and biodiversity loss and worked on a six-part series portraying beach wildlife in Europe. She is pursueing a PhD in Film and Television Studies at Universidade Nova de Lisboa, Portugal where she investigates narratives of animal documentaries.
.
.
.
Estudos Criticos Animais na Europa (Dossier) Critical Animal Studies in Europe
..
Conversa com Richard Twine* por Ilda Teresa de Castro*
.
A descrição do Centro de Estudos Humanos-Animais, CfHAS, refere que o Centro é “um fórum interdisciplinar de investigação e actividades relacionadas com as complexas relações materiais, éticas e simbólicas entre humanos e outros animais. Reúne estudiosos das artes e humanidades, ciências sociais e ciências naturais, com o objetivo de repensar as nossas relações com os animais no sentido de criar mudanças sociais, políticas, ambientais, éticas e culturais significativas. O CfHAS promove investigação interdisciplinar, desafiando o pensamento e as abordagens antropocêntricas (centradas no ser humano) e reconhecendo os interesses dos animais. Actualmente, a investigação no CfHAS move-se em torno dos seguintes temas principais: mudança climática e sustentabilidade; saúde e bem-estar; práticas representacionais e compreensão cultural; conflitos ecológicos; intersecionalidade e justiça social.” Como iniciador da Associação Europeia para os Estudos Críticos Animais (ver entrevista com Tereza Vandrovcová – abaixo) e co-director do Centro de Estudos Humano-Animais (CfHAS) da Edge Hill University, qual é a importância e quais os objectivos dos Estudos Críticos Animais [ECA] e dos Estudos Humanos-Animais, hoje em dia, num momento em que enfrentamos os desafios ecológicos do Antropoceno_Capitaloceno?
Os Estudos Criticos Animais têm hoje mais importância do que nunca, na medida em que são a única área académica que põe em causa os pressupostos do pensamento antropocêntrico e especista. É uma voz indispensável no âmbito da crise ecológica, na medida em que, de certa forma, a explica, atribuindo-a ao surgimento da mercantilização dominante da maioria das espécies de animais não humanos. [Os ECA também rejeitam o conceito do Antropoceno por ser demasiado vago para exprimir as especificidades e as múltiplas razões do surgimento da perda da biodiversidade e das alterações climáticas]. As intenções ou os objetivos dos ECA devem ser no sentido de mudar práticas em relação aos outros animais, em todas as vertentes das sociedades, de promover uma compreensão interseccional da crise em termos de capitalismo, imperialismo, patriarcado e especismo, e de difundir uma compreensão crítica do projecto humanista ocidental. Um objetivo mais específico, em termos de crise ecológica, é tornar clara a relevância das relações entre humanos e animais para compreender o surgimento das alterações climáticas e a resposta a estas. E isto deve reflectir-se na comunicação com os activistas, o facto de as alterações climáticas serem de extrema importância na questão dos direitos dos animais. Assim, por exemplo, não deve haver distinção entre “ser vegano pelos animais” e ser vegano por “razões ambientais”.
A Introdução de The Rise of Critical Animal Studies – From the Margins to the Centre (Routledge, 2014), organizado em parceria com Nik Taylor (Flinders University, Austrália) refere que “os ECA têm as suas raízes institucionais no lançamento do Centre for Animal Liberation Affairs, em 2001, que se tornou mais tarde, em 2007, no Critical Animal Studies (ICAS). Desde então, tanto os ECA enquanto área de estudo como o ICAS enquanto instituição cresceram consideravelmente. Este último tem agora extensões na América do norte, América latina, África, Europa e Oceânia, servindo um âmbito alargado de académicos e activistas.” É possível avaliar objetivamente o impacto dos ECA na exploração animal e na mudança efectiva de práticas, regulamentações e disposições legislativas?
Essa é uma boa pergunta e, no entanto, é tentador responder com um simples “não”. “Avaliar objetivamente o impacto dos ECA na exploração animal” seria uma tarefa quase impossível. Penso que é cedo demais para sabermos. Mas ficaria surpreendido se os ECA ainda não tivessem tido um papel relevante na mudança da forma de pensar de muitos académicos e no desafio a académicos de estudos animais com uma posição menos crítica. Também criou oportunidades e legitimou o trabalho de jovens investigadores da área, como os doutorandos. Penso que o ramo ‘vegan studies’ começa também a ter um papel importante na normalização do debate sobre o veganismo. Creio que os ECA começam a ter impacto, mas não quero exagerar. Ainda agora começámos, embora as questões que tratamos sejam muitíssimo urgentes.
Em “The Rise (and Fall) of Critical Animal Studies”, Steven Best começa por dizer “O súbito aumento dos programas de estudos animais, movendo o tema das margens para o mainstream, é tão louvável como lamentável. Se os estudos animais são uma força potencial de esclarecimento e mudança progressiva nas atitudes e políticas públicas para com os animais não humanos, os académicos que os apoiam estão condicionados a promovê-los dentro da rigidez das restrições institucionais e das intensas regras de normalização que frequentemente exigem conformidade, “neutralidade”, distanciamento descomprometido e ativismo dentro de limites restritos (…) ”. Quais são os riscos e dificuldades que os ECA enfrentam na academia e como se podem resolver?
Corremos o risco de sermos travados, diluídos, ou vistos como uma ameaça. A base de conhecimento dos ECA contesta os princípios mais elementares do pensamento humanista e antropocêntrico. Nunca poderia ser pacífico. É um desafio inserir a disciplina num programa. A mudança acontece quando os investigadores de ECA entram no quadro e, consequentemente, ganham mais influência. Ou quando são apoiados por entidades externas, particularmente se estas financiam a investigação. Ou quando começa a ser evidente que há estudantes interessados nos estudos críticos sobre as relações humano/animal. Se houver procura por parte dos alunos, os gestores são mais receptivos. Todas estas questões são contextualizadas pela lamentável mercantilização do ensino superior. No geral, esta questão transforma a instituição num espaço menos receptivo ao pensamento crítico, mais conservador, focado principalmente na empregabilidade dos alunos e na avaliação do desempenho institucional e estudantil. Este contexto funciona como uma restrição adicional à integração dos ECA na instituição.
*Richard Twine trabalha na intersecção entre os estudos críticos animais, a sociologia ambiental, os estudos de género e os estudos de ciência e tecnologia. É professor titular de Ciências Sociais na Edge Hill University, Reino Unido, bem como co-diretor do Center for Human / Animal Studies (CfHAS). O seu doutoramento, concluído em 2002, reuniu a crítica ecofeminista do dualismo com a de escritos sociológicos mais recentes, com o objectivo de aprofundar a base da interseccionalidade. É autor do livro Animals as Biotechnology – Ethics, Sustainability and Critical Animal Studies (Routledge 2010) bem como de artigos e capítulos de livros sobre estudos científicos, pós-humanismo, ecofeminismo, veganismo, bioética e estudos críticos animais. Também é co-editor com Nik Taylor (Universidade de Flinders, Austrália) de The Rise of Critical Animal Studies – From the Margins to the Center (Routledge, 2014). Entre 2002 e 2012, ocupou cargos de pesquisa na Universidade de Lancaster (especificamente no Centro ESRC para os Aspectos Económicos e Sociais da Genômica). Também trabalhou no Instituto de Educação em Londres e na Universidade de Glasgow. A sua pesquisa atual concentra-se principalmente nas relações entre as mudanças climáticas, as práticas alimentares e as relações humano/animal.
*llda Teresa de Castro é ecóloga, artista e investigadora. Realiza o pós-doutoramento (2013-2019) Paisagem e Mudança – Movimentos, com apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Doutorada em Ciências da Comunicação / Cinema e Televisão, na FCSH, da Nova de Lisboa, com uma tese sobre a participação do filme na sensibilização ecológica. É formada em Cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, e em Peritos em Arte na Escola Superior de Artes Decorativas da Fundação Ricardo Espírito Santo e Silva, Lisboa. É autora de vários ensaios e dos livros Eu Animal − argumentos para uma mudança de paradigma – cinema e ecologia (2015); de uma trilogia de entrevistas sobre Cinema Português, Animação Portuguesa (2004); Cineastas Portuguesas (2001); Curtas Metragens Portuguesas (1999) e do cartoon book Não Fazer Nada É que É Bom 1991-2004 (2005). Enquanto ecoartista desenvolve projectos multidisciplinares num cruzamento entre arte, ecologia, filosofia e ciência com enfoque no domínio ecocritico, ambiental e animal. Os seus ecofilmes têm sido exibidos em ecofestivais e ecoconferências na Amazónia – Brasil, Panjim – Goa, Mexico City – México, Porto, Lisboa e Colares – Portugal. É co-autora da ópera multimedia Descartes Nunca Viu Um Macaco (2017). É a fundadora e editora da plataforma e revista online: ecomedia, ecocinema e ecocritica_animalia vegetalia mineralia.
tradução de maria carbonara e gabriel flores
.
(Dossier) Animal Studies in Europe
.
Interview with Richard Twine* by Ilda Teresa de Castro*
.
The description of the CfHAS refers “The Centre for Human Animal Studies (CfHAS) is an interdisciplinary forum for research and activities that engage with the complex material, ethical and symbolic relationships between humans and other animals. CfHAS brings together scholars from the arts and humanities, social sciences and natural sciences to examine how rethinking our relations with animals can create meaningful social, policy, environmental, ethical and cultural change. CfHAS promotes interdisciplinary research that challenges anthropocentric (human-centred) thinking and approaches and recognises the interests of animals. Research at CfHAS currently revolves around these key themes: climate change and sustainability; health and well-being; representational practices and cultural understanding; ecological conflicts; intersectionality and social justice.” As an initiator of the European Association for Critical Animal Studies (see the interview with Tereza Vandrovcová – conferences) and co-director of the Centre for Human Animal Studies (CfHAS) at Edge Hill University, what is the significance and intentions of Critical Animal Studies and Human Animal Studies nowadays, when we are facing the ecological challenges of the Anthropocene_Capitalocene?
Critical Animal Studies is as significant as ever because it’s the only academic field which is contesting the assumptions of anthropocentric and speciesist thought. It is a very necessary voice in the midst of the ecological crisis because it explains that crisis partly in terms of the emergence of a dominant commodification of most nonhuman animal species. [CAS may also reject the concept of the Anthropocene because it is too general to convey the multiple and specific reasons why climate change and the biodiversity crisis have emerged]. The intentions or goals of CAS must be to change practices toward other animals at all scales of societies, to foster an intersectional understanding of crisis in terms of capitalism, empire, patriarchy and speciesism, and to disseminate a critical understanding of the Western humanist project. A more specific goal, in terms of the ecological crisis, is to make clear the relevance of human/animal relations to understanding the emergence and response to climate change. This also means communicating with activists that climate change is a hugely significant animal rights issue. So for example, there should be no distinction between ‘being vegan for the animals’ and being vegan for ‘environmental reasons’.
The Introduction of The Rise of Critical Animal Studies – From the Margins to the Centre (Routledge, 2014) co-edited with Nik Taylor (Flinders University, Australia) says “CAS can trace its institutional roots to 2001 and the launching of the Centre for Animal Liberation Affairs, which later became the Institute for Critical Animal Studies (ICAS) in 2007. Since then, both CAS as a field of study, and ICAS as an institution have grown considerably; the latter now has North American, Latin American, African, European and Oceanic arms, which cater to a broad range of scholars and activists.” Is it possible to objectively evaluate the Critical Animal Studies impact on animal exploitation and effective changes in practices, regulations and legal statutes?
This is a good question; however, it’s tempting just to answer this with a plain no. To ‘objectively evaluate the CAS impact on animal exploitation’ would be an almost impossible endeavour. I think it is too soon to know. However, I would be surprised if CAS has not already been effective in changing the thinking of many academics and in also challenging less critical animal studies scholars. It has also created opportunities and legitimised the work of young researchers, such as PhD students, in the field. I think the related offshoot ‘vegan studies’ has also begun to be important for normalising research discussion of veganism. I think CAS has started to have an impact, but I wouldn’t want to overstate it. We are still young, even if the issues are incredibly urgent.
In “The Rise (and Fall) of Critical Animal Studies”, Steven Best begins by referring “The rapid surge in animal studies programs, moving it from the margins to the mainstream, is both laudable and lamentable. For as animal studies is a potential force of enlightenment and progressive change in public attitudes and policies toward nonhuman animals, its academic proponents can only advance it within tight institutional constraints and intensive normalising regimes that frequently demand conformity, “neutrality”, disengaged detachment, and activism within narrowly accepted limits (…)”. What are the risks and difficulties that the CAS face in academia and how can they be solved?
The risks are that it will be blocked, that it will be diluted, that it will be seen as threatening. The knowledge base of CAS is contesting major tenets of humanist and anthropocentric thought. This was never going to be a smooth ride. It’s challenging to get it on to the curriculum. Change seems to happen when CAS researchers gain permanent academic positions and thus more influence. It also happens when they are supported by outside bodies, especially if they can contribute research funding. It also happens when it becomes apparent that students want to engage with critical knowledge about human/animal relations. If there is student demand, managers are more likely to listen. All of these issues are contextualised by the regrettable marketisation of higher education. Overall, this makes the academy a less welcoming space for critical thinking and a more conservative space focussed mostly on the employability of students and the measuring of student and academic performance. This context acts as a further constraint on the academic embedding of CAS.
*Richard Twine works at the intersection of critical animal studies, environmental sociology, gender studies and science and technology studies. He is Senior Lecturer in Social Sciences at Edge Hill University, UK as well as Co-Director of the Centre for Human/Animal Studies (CfHAS). His PhD, completed in 2002, brought together the ecofeminist critique of dualism with that found in much recent sociological writings in order to further probe the basis for intersectionality. He is the author of the book Animals as Biotechnology – Ethics, Sustainability and Critical Animal Studies (Routledge 2010), as well as several articles and book chapters on science studies, posthumanism, ecofeminism, veganism, bioethics, and critical animal studies. He is also co-editor with Nik Taylor (Flinders University, Australia) of The Rise of Critical Animal Studies – From the Margins to the Centre (Routledge, 2014). Between 2002 and 2012 he held research positions at Lancaster University (specifically the ESRC Centre for Economic and Social Aspects of Genomics). He has also worked at the Institute of Education in London and the University of Glasgow. His current research primarily centres on the relationships between climate change, food practices and human/animal relations.
*Ilda Teresa de Castro is an ecologist, artist and researcher. She is doing the postdoctoral researcher (2013-2019) Landscape and Change – Movements, with support by the Foundation for Science and Technology. PhD in Communication Sciences/Cinema and Television at Faculty of Social and Human Sciences, at NOVA University of Lisbon with a thesis which deals with the part films play in the construction of an ecocritical perception. She is graduated in Cinema Studies at Superior School of Theater and Cinema in Lisbon, and in Art Experts at Superior School of Decorative Arts, Foundation Ricardo do Espírito Santo Silva in Lisbon. She is the author of several essays as well as the book Eu Animal − argumentos para uma mudança de paradigma – cinema e ecologia (I Animal – arguments for a new paradigm – cinema and ecology, 2015); a trilogy of interviews on Portuguese Cinema, Animação Portuguesa, (Portuguese Animation Movies, 2004); Cineastas Portuguesas (Portuguese Women´s Cinema, 2001); Curtas Metragens Portuguesas (Portuguese Short-Films, 1999) and the cartoon book Não Fazer Nada É que É Bom 1991-2004 (To Do Nothing At All – That’s The Life!, 2005). As ecoartist she develops multidisciplinary projects at a crossroad between art, ecology, philosophy and science, focusing on the ecocritic, environmental and animal domain. As a ecocinema filmmaker and video artist, she has had his works screened in ecofestivals and ecoconferences in Amazonia – Brasil, Panjim – Goa, Mexico City – Mexico, Porto, Lisboa and Colares – Portugal. She is co-author of the multimedia opera Descartes Never Saw A Monkey (2017). She is the founder and editor of the online ecomedia, ecocinema and ecocritic platform and journal_animalia vegetalia mineralia.
.
Estudos Animais na Europa (Dossier) Animal Studies in Europe
.
Conversa com Tereza Vandrovcová* por Ilda Teresa de Castro*
.
A Declaração de Missão da EACAS é bastante explícita: “O principal objectivo da Associação Europeia para os Estudos Críticos Animais (EACAS) é reunir estudiosos europeus de Estudos Críticos Animais (CAS) e activistas interessados no campo de Estudos Críticos Animais. Juntos, queremos eliminar o domínio e opressão dos animais (inclusive os humanos) e transformar o ensino superior num ambiente mais inclusivo para a consideração de todas as espécies. O s Estudos Críticos Animais constituem o primeiro campo académico a defender o desmantelamento do complexo animal-industrial e o veganismo.” (Declaração de Missão da EACAS)
Como e quando surgiu o EACAS organizado como um grupo? Como surgiu o projecto, se espalhou e se desenvolveu desde as primeiras ideias?
Inicialmente, o Centro de Assuntos de Libertação Animal, que mais tarde mudou de nome para Instituto de Estudos Críticos Animais (ICAS), foi fundado em 2001, nos EUA. Depois de alguns anos, os fundadores encorajaram o estabelecimento de departamentos regionais em todo o mundo e foi assim que o Instituto de Estudos Críticos Animais da Europa foi fundado. Após alguns anos de cooperação com a ICAS, chegamos à conclusão de que queríamos ser independentes e, portanto, em 2015, fundamos a Associação Europeia para os Estudos Críticos Animais (EACAS).
A primeira conferência teve lugar em 2010 em Liverpool, seguida de Praga em 2011, Karlsruhe em 2013, Lisboa em 2015, Lund em 2017 e no próximo ano será em Barcelona (2019). Como se organizam as interconexões por toda a Europa? A declaração de missão tem sido alcançada ao longo destes anos?
A EACAS não tem nenhum status oficial como por exemplo um registo ONG, é apenas um colectivo de pessoas com objetivos académicos e activistas similares. Temos muito trabalho pela frente para eliminar a opressão animal mas a primeira parte da declaração já foi alcançada porque criamos uma rede funcional não hierárquica de académicos e activistas de CAS que se comunicam e cooperam entre si.
É possível avaliar a evolução do interesse nos CAS pela academia desde a fundação da EACAS? O que está a acontecer e o que falta fazer?
Não posso falar por toda a Europa mas na República Checa vejo o aumento do interesse pelos CAS, pelo menos, entre os estudantes. Eu gostaria que alguns desses estudantes se tornassem académicos e que sua paixão pela defesa dos animais não desmaiasse. Precisamos de mais cursos universitários, de artigos e de outras formas de difundir a ideia de libertação animal ao nível académico. Também precisamos de cooperar com os activistas e de lhes fornecer conhecimento útil numa linguagem abrangente.
No campo dos CAS, quão importante é construir relações entre a academia, de um lado, e o activismo, os políticos e a sociedade em geral, de outro? Qual o papel dos estudiosos e pesquisadores nas transformações filosóficas e sociológicas sobre os valores da sociedade humana?
A cooperação entre a academia, o activismo e a política é crucial, porque um dos problemas mais comuns dos Estudos Animais é o de criar teoria-pela-teoria e retirar-se para a denominada “torre de marfim”. Em contraste, o objetivo dos estudiosos dos CAS é o de vincular a teoria à prática, e a academia à comunidade. Em relação às transformações filosóficas e sociológicas, um dos aspectos mais importantes é a desconstrução das oposições binárias socialmente construídas entre animais-humanos e não-humanos, e iluminar as dicotomias relativas entre cultura e Natureza, civilização e selva, e outras hierarquias dominadoras que enfatizam os limites históricos colocados pela humanidade.
Um dos aspectos que distingue o EACAS de outras organizações no mesmo domínio de estudos e acção, é uma prática de participação conjunta na circulação da informações entre membros e a apresentação dos membros numa mesma plataforma online comum, não hierárquica. Essa postura recusa o alinhamento tradicional em pirâmide, e ajusta -se a uma atitude mais progressista de cooperação e participação. A declaração de missão também refere: “Juntos queremos eliminar a dominação e a opressão dos animais (incluindo humanos) (…)”. Estamos a viver um tempo histórico em que, tal como nas relações inter-espécies, é necessário rever os modelos de relações intra-espécies?
Sim, o CAS recusa as estruturas hierárquicas e promove uma compreensão holística da interconexão das opressões, tais como o especismo, o sexismo, o racismo e outras ideologias hierárquicas. Tal como o Professor Steve Best (co-fundador da ICAS) contextualiza nos seus artigos desde 2009, vivemos numa época incrível, singular, sem precedentes, de fazer-ou-morrer, que coloca as mais extremas obrigações e exigências que não podemos ignorar. A revolução de que este planeta necessita tão desesperadamente depois de dez mil anos de “civilização” deve envolver, entre outras coisas, uma transcendência do antropocentrismo, do especismo, do patriarcado, do racismo, do classismo, da homofobia, dos incapacitados e dos preconceitos e hierarquias de todos os tipos.
*Tereza Vandrovcová é académica na University of New York em Praga (UNYP) onde leciona Psicologia Social, Sociologia e Animais na Sociedade Humana: Perspectivas Psicológicas. Também ensina introdução aos Estudos Animais na Charles University (Praga) e na Universidade Masaryk (Brno). Os seus interesses de investigação incluem os estudos críticos animais, a psicologia do consumo de carne e a sociologia da ciência. Em 2011, publicou o livro Animal como objecto experimental: uma reflexão sociológica (em checo) e co-organizou a segunda Conferência Europeia de Estudos Críticos Animais, em Praga. Em 2012, tornou-se “Tyke Scholar of Year” do Instituto de Estudos Críticos Animais e, entre 2013 e 2015, foi Directora Regional do Institute for Critical Animal Studies da Europa. Em 2017, terminou o seu Ph.D. em Sociologia pela Faculdade de Letras da Charles University ( (Praga, República Tcheca) com a tese “Animais como objectos de laboratório: análise do discurso do poder” (em tcheco). É co-fundadora da Sociedade Vegana Checa (Česká veganská společnost) e do EACAS.
*llda Teresa de Castro é ecóloga, artista e investigadora. Realiza o pós-doutoramento (2013-2019) Paisagem e Mudança – Movimentos, com apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Doutorada em Ciências da Comunicação / Cinema e Televisão, na FCSH, da Nova de Lisboa, com uma tese sobre a participação do filme na sensibilização ecológica. É formada em Cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, e em Peritos em Arte na Escola Superior de Artes Decorativas da Fundação Ricardo Espírito Santo e Silva, Lisboa. É autora de vários ensaios e dos livros Eu Animal − argumentos para uma mudança de paradigma – cinema e ecologia (2015); de uma trilogia de entrevistas sobre Cinema Português, Animação Portuguesa (2004); Cineastas Portuguesas (2001); Curtas Metragens Portuguesas (1999) e do cartoon book Não Fazer Nada É que É Bom 1991-2004 (2005). Enquanto ecoartista desenvolve projectos multidisciplinares num cruzamento entre arte, ecologia, filosofia e ciência com enfoque no domínio ecocritico, ambiental e animal. Os seus ecofilmes têm sido exibidos em ecofestivais e ecoconferências na Amazónia – Brasil, Panjim – Goa, Mexico City – México, Porto, Lisboa e Colares – Portugal. É co-autora da ópera multimedia Descartes Nunca Viu Um Macaco (2017). É a fundadora e editora da plataforma e revista online: ecomedia, ecocinema e ecocritica_animalia vegetalia mineralia.
tradução de ilda teresa de castro
.
(Dossier) Animal Studies in Europe
.
Interview with Tereza Vandrovcová* by Ilda Teresa de Castro*
.
The description of the EACAS Mission Statement is quite explicit in its primary focus: The main goal of European Association for Critical Animal Studies (EACAS) is to bring together european CAS scholars and activists who are interested in the field of Critical Animal Studies. Together we want to eliminate the domination and oppression of animals (humans included), and to transform higher education into a more inclusive environment for considering all species. Critical Animal Studies constitutes the first academic field to advocate for the dismantling of the animal-industrial complex, and for veganism.” (EACAS Mission Statement).
How and when EACAS emerged and organised as a group? How did the project raised, spread and developed since the first ideas?
At first, the Center on Animal Liberation Affairs which later changed name to the Institute for Critical Animal Studies (ICAS) was founded in 2001 in USA. After some years the founders encouraged establishing of the regional chapters around the world and that is how the Institute for Critical Animal Studies, Europe was founded. After few years of cooperation with ICAS we came to conclusion that we wanted to be independent and therefore in 2015 we founded European Association for Critical Animal Studies (EACAS).
The first conference took place in 2010 in Liverpool, followed by Prague (2011), Karlsruhe (2013), Lisbon (2015), Lund (2017) and next year in Barcelona (2019). How is it organised in its interconnections throughout Europe? Is the mission statement being achieved over these years?
The EACAS does not have any official status such as registered NGO, it is just a collective of people with the similar academic and activist goals. We have a lot of work ahead in order to eliminate animal oppression but the first part of the statement has been already achieved because we created functional non-hierarchical network of CAS scholars and activists who communicate and cooperate with each other.
Is it possible to evaluate the evolution of interest in CAS by the academia since the foundation of EACAS? What is going on and what remains to do?
I cannot speak for the whole Europe but in Czechia I see a rise of the interest in CAS at least among students. I wish that some of these students will become academics and that their passion for animals will not faint. We need more university courses, articles and other ways of spreading the idea of animal liberation on the academic level. Also we need to cooperate with activists and to provide them the useful know-how in comprehensive language.
In the field of CAS how important is to build relations between academia on one hand and activism, policy makers and society at large on the other hand? What is the role of scholars and researches on the philosophical and sociological transformations on the values of human society?
The cooperation between academia, activism and politics is crucial because one of the problem of mainstream Animal Studies is that it often creates theory-for-theory and it closes itself to the so called “ivory tower”. In contrast, the aim of CAS scholars is to link theory to practice and the academy to the community. Regarding the philosophical and sociological transformations, one of the important roles is to deconstruct the socially constructed binary oppositions between human and nonhuman animals but also to illuminate related dichotomies between culture and nature, civilization and wilderness and other dominator hierarchies to emphasize the historical limits placed upon humanity.
A strong aspect that distinguishes EACAS from other organisations with a similar domain is a praxis of joint participation in the circulation of information among members, or in the presentation of members on a same common online platform not hierarchical. This posture refuses the traditional pyramid alignment and fits a more progressive attitude of cooperation and participation. The mission statement also says “Together we want to eliminate the domination and oppression of animals (humans included) (…)”. Are we living a historical time in which, as in inter-species relations, its necessary to review the models of intra-species relations?
Yes, CAS refuses the hierarchical structures and advances a holistic understanding of the interconnection of oppressions, such that speciesism, sexism, racism and other hierarchical ideologies. As prof. Steve Best (co-founder of ICAS) lays down in his article from 2009, we live in this most incredible, singular, unprecedented, do-or-die era that places the most extreme obligations and demands on us that we cannot ignore. The revolution that this planet so desperately needs after ten thousand years of “civilization” must involve, among other things, a transcendence of anthropocentrism, speciesism, patriarchy, racism, classism, homophobia, ablism, and prejudices and hierarchies of all kinds.
*Tereza Vandrovcová is an academic (teacher and course guarantor) at the University of New York in Prague (UNYP) where she teaches Social Psychology, Sociology and Animals in Human Society: Psychological Perspectives. She also teaches introduction to Animal Studies at the Charles University (Prague) and Masaryk University (Brno). Her research interests include critical animal studies, psychology of meat consumption and sociology of science. In 2011 she published a book called Animal as an Experimental Object: a Sociological Reflection (in Czech) and she co-organized the second European Critical Animal Studies Conference in Prague. In 2012 she became the Institute for Critical Animal Studies ‘Tyke Scholar of Year’ and between 2013 and 2015 she was a Regional Director of the Institute for Critical Animal Studies, Europe. In 2017 she finished her Ph.D. in Sociology from the Faculty of Arts, Charles University (Prague, Czech Republic) with thesis called “Animals as Laboratory Objects: Analysis of the Power Discourse.” (in Czech). She is a co-founder of Czech Vegan Society (Česká veganská společnost) and EACAS.
*Ilda Teresa de Castro is an ecologist, artist and researcher. She is doing the postdoctoral researcher (2013-2019) Landscape and Change – Movements, with support by the Foundation for Science and Technology. PhD in Communication Sciences/Cinema and Television at Faculty of Social and Human Sciences, at NOVA University of Lisbon with a thesis which deals with the part films play in the construction of an ecocritical perception. She is graduated in Cinema Studies at Superior School of Theater and Cinema in Lisbon, and in Art Experts at Superior School of Decorative Arts, Foundation Ricardo do Espírito Santo Silva in Lisbon. She is the author of several essays as well as the book Eu Animal − argumentos para uma mudança de paradigma – cinema e ecologia (I Animal – arguments for a new paradigm – cinema and ecology, 2015); a trilogy of interviews on Portuguese Cinema, Animação Portuguesa, (Portuguese Animation Movies, 2004); Cineastas Portuguesas (Portuguese Women´s Cinema, 2001); Curtas Metragens Portuguesas (Portuguese Short-Films, 1999) and the cartoon book Não Fazer Nada É que É Bom 1991-2004 (To Do Nothing At All – That’s The Life!, 2005). As ecoartist she develops multidisciplinary projects at a crossroad between art, ecology, philosophy and science, focusing on the ecocritic, environmental and animal domain. As a ecocinema filmmaker and video artist, she has had his works screened in ecofestivals and ecoconferences in Amazonia – Brasil, Panjim – Goa, Mexico City – Mexico, Porto, Lisboa and Colares – Portugal. She is co-author of the multimedia opera Descartes Never Saw A Monkey (2017). She is the founder and editor of the online ecomedia, ecocinema and ecocritic platform and journal_animalia vegetalia mineralia.
.
.
Os académicos não devem considerar-se à parte
.
Conversa com Rod Benisson* a propósito da Minding Animals International Incorporated, da Conferência Minding Animals e dos Estudos Animais
por Ilda Teresa de Castro*
No domínio transdisciplinar dos Estudos Animais, a Minding Animals International Incorporated trabalha para promover o desenvolvimento dos Estudos Animais a nível internacional e para ajudar a estabelecer protecções legais e morais para todos os animais não-humanos. Tem como patronos, o Professor e Prémio Nobel da literatura em 2003, John Maxwell Coetzee, autor da obra ficcional The Lives of Animals (1999), mais tarde integrada em Elizabeth Costello (2003); Jill Robinson MBE, pioneira na defesa animal na Ásia desde 1985 e amplamente reconhecida como especialista mundial na cruel indústria dos ursos, fundou a Animals Asia em 1998; e o Professor Peter Singer, filósofo ético, autor de Libertação Animal (1975), presidente da Associação Internacional de Bioética, e do Grande Ape Project, um esforço internacional para obter os direitos básicos para os chimpanzés, gorilas e orangotangos.
A Minding Animals International Incorporated (MAI) apresenta como finalidade e objetivos principais: reavaliar a relação entre os movimentos dos animais e do ambiente à luz das alterações climáticas e de outras ameaças e preocupações conjuntas; analisar a forma como os seres humanos identificam e representam os animais não-humanos na arte, literatura, música, ciência, meios de comunicação e no filme; analisar de que modo, ao longo da história, a objectificação (coisificação) dos animais não-humanos e da Natureza, na ciência e na sociedade, na religião e na filosofia, tem levado ao abuso dos animais não-humanos e como isso tem sido interpretado e avaliado; estudar como a vida dos seres humanos e dos seus companheiros não-humanos domesticados estão interligadas, e como a ciência, a medicina humana e a veterinária, utilizam essas conexões importantes; investigar como o estudo dos animais e da sociedade pode informar melhor tanto o estudo científico dos animais e a comunidade activista e legal (advocacia); quanto como a ciência e o activismo comunitário e a advocacia, podem informar o estudo académico de animais não-humanos e a sociedade.
A Conferência Minding Animals (MAC), como conceito, pretende fazer avançar a transdisciplina emergente dos Estudos Animais (também conhecidos como Estudos Humanos Animais, Animais e Sociedade, e Estudos Críticos Animais), tanto na academia quanto na comunidade em geral. No sentido de consolidar a sua transdisciplinaridade, as conferências MAC envolvem as ciências e as humanidades, as advocacias do ambiente e dos animais, e procuram envolver estas advocacias com as burocracias governamentais e as instituições de ensino superior. Estas conferências são realizadas a cada três anos em diferentes instituições de ensino superior.
No seguimento da Conferência Minding Animals (MAC3) que teve lugar em Delhi em Janeiro último, na Jawaharlal Nehru University (JNU), coloquei algumas questões a Rod Benisson, um dos fundadores da organização.
Rod, começo por perguntar, o que é a Minding Animals International Incorporated?
A Minding Animals International Incorporated (MAI) abre caminho ao campo transdisciplinar dos Estudos Animais em todas as suas variantes – os Estudos Animais, a Antrozoologia, os Estudos Animais Criticos, e assim por diante – no sentido de sensibilizar para a protecção dos animais. Neste contexto, a protecção dos animais incorpora o ambientalismo, a libertação animal, os direitos dos animais, a protecção dos animais selvagens, o bem-estar animal e a justiça dos animais (não necessariamente por esta ordem).
Qual o principal enfoque da MAI e como funciona?
A MAI tem por objectivo facilitar o discurso entre as várias áreas deste campo transdisciplinar em rápido desenvolvimento – que integra as artes e a literatura, os estudos feministas e queer, o direito e as políticas públicas, as ciências humanas e os estudos culturais – por forma a melhorar o estatuto dos animais não-humanos e decrescer a sua exploração. Como tal, o MAI facilita a investigação em Estudos Animais enquanto condutor de políticas e acções não-governamentais.
A estrutura e a acção da MAI funcionam como uma ponte entre a academia e a advocacia …
Sim, a MAI actua como uma ponte entre a academia e a advocacia, e é uma rede de mais de 3000 académicos, artistas, activistas e advogados, dedicados ao estudo e protecção de toda a vida planetária através do avanço dos Estudos Animais. É organizada num Conselho de nove directores, e tem em funcionamento vários Comités Consultivos.
Integra também vários grupos que actuam em diferentes partes do mundo, incluindo a Austrália, a África do Sul e toda a Europa, nomeadamente a Alemanha, Dinamarca, Noruega e Itália. O MAI está também incorporado no estado norte-americano de Delaware e é isento, ao abrigo do imposto de renda federal dos Estados Unidos, sob a secção 501 (com) (3) do Internal Revue Code. Como tal, e como instituição de caridade oficial, todas as doações feitas ao MAI Inc. nos EUA se qualificam a receber dedutibilidade fiscal.
A MAC3, em Nova Delhi, tem sido muito participada, com cerca de 200 delegados de 30 países. Qual a importância da escolha da Índia para este terceiro encontro e qual a relação estabelecida com as escolhas anteriores?
É importante para a Minding Animals Internacional mover-se em redor do globo. Foi uma decisão tomada pelo Conselho do MAI que a conferência tri-anual, sendo viável, seja realizada em continentes e culturas diferentes. Newcastle foi escolhida por ser a localização do fundador da organização, Utrecht foi a escolha de 2012, e Nova Delhi a de 2015.
Durante o encontro do Conselho do MAI em Delhi, foram oficialmente aprovados grupos internacionais do Minding Animals, na China, França, México, Nova Zelândia, USA e Reino Unido. Que mais valias podem trazer aos Estudos Animais, considerando a disseminação de ideias e de actividades?
A Minding Animals Internacional considera o apoio ao desenvolvimento de grupos nacionais de Estudos Animais, parte integrante do desenvolvimento dos Estudos Animais como transdisciplina crescente e de transição.
Além destes grandes encontros tri-anuais, a MAI apoia a realização de conferências e seminários em universidades de todo o mundo. Será o caso em Abril, em Birmingham, Inglaterra, em Junho, em Erlagen, na Alemanha, em Setembro, em Stavanger, Noruega e em Outubro, em Lisboa, Portugal. Como perspectiva a evolução do interesse nos Estudos Animais por parte da academia desde a fundação do MAI?
O MAI espera ter sido essencial para o desenvolvimento dos Estudos Animais enquanto campo transdisciplinar. Temos assistido ao desenvolvimento exponencial dos Estudos Animais desde a fundação do MAI após a primeira Conferência Minding Animals, em Newcastle, em 2009 (que era, na verdade, também a 3ª Conferência de Estudos Animais na Austrália).
No domínio dos Estudos Animais, qual a importância da construção de relações entre o mundo académico e o activismo, os decisores políticos e a sociedade em geral?
Os académicos não devem considerar-se à parte da sociedade, mas sim, uma parte dela. A MAI vê o desenvolvimento dos Estudos Animais como um campo académico vital para o activismo e desenvolvimento de políticas, e para a sociedade de um modo geral.
*
Dr Rod Benisson, fundador e presidente do conselho da Minding Animals, esteve envolvido na protecção animal desde o final da década de 1970, das linhas mais recuadas até à imersão profunda no activismo pelos direitos animais. Académico durante 13 anos, agora administra uma equipa dedicada de cientistas ambientais numa empresa de engenharia e consultoria ambiental, com base no Hunter Valley, na costa leste da Austrália. A sua tese de doutoramento intitulada Inclusão Ecológica examinou as inter-relações que existem entre animais humanos e não-humanos, com especial atenção para o caráter histórico dessas inter-relações. Tem um forte interesse na intersecção da protecção dos animais e do ambiente, nomeadamente na razão pela qual alguns animais humanos visualizam alguns animais não-humanos e plantas como pragas ferozes, ervas daninhas ou invasivas, como estando de algum modo “fora do lugar”.
.
.
Academics should not consider themselves as apart
Interview with Rod Benisson* on the Minding Animals International Incorporated, on Minding Animals Conferences and on Animal Studies.
by Ilda Teresa de Castro
In the transdisciplinar domain of Animal Studies, Minding Animals International Inc. works to further the development of animal studies internationally and to help establish legal and moral protections for all nonhuman animals. They have three prominent Patrons, Professor John Maxwell Coetzee, 2003 Nobel Price in Literature, author of The Lives of Animals (1999) a fictionalized lecture, later absorbed into Elizabeth Costello (2003); Jill Robinson MBE, a pioneer of animal welfare in Asia since 1985, widely recognised as the world’s leading expert on the cruel bear bile industry, she founded Animals Asia in 1998; and Professor Peter Singer, ethical philosopher author of Animal Liberation (1975), President of the International Association of Bioethics, and of The Great Ape Project, an international effort to obtain basic rights for chimpanzees, gorillas and orangutans.
Minding Animals International Incorporated (MAI) present as main purpose and objectives: to reassess the relationship between the animal and environmental movements in light of climate change and other jointly-held threats and concerns; to examine how humans identify and represent nonhuman animals in art, literature, music, science, and in the media and on film; how, throughout history, the objectification of nonhuman animals and nature in science and society, religion and philosophy, has led to the abuse of nonhuman animals and how this has since been interpreted and evaluated; to examine how the lives of humans and companion and domesticated nonhuman animals are intertwined, and how science, human and veterinary medicine utilise these important connections; how the study of animals and society can better inform both the scientific study of animals and community activism and advocacy; and how science and community activism and advocacy can inform the academic study of nonhuman animals and society.
The Minding Animals Conference (MAC) as a concept was devised to advance the emerging transdiscipline of Animal Studies (also known as Human Animal Studies, Animals and Society, and Critical Animal Studies) both within the academy and the broader community. To build on its transdisciplinarity, MACs engage the sciences and the humanities, environmental and animal advocacies, and each MAC will strive to engage advocacies with government bureaucracies and tertiary institutions. Each conference is held every three years at various tertiary institutions.
Following the Minding Animals Conference (MAC3) held in Delhi last January, in the Jawaharlal Nehru University (JNU), I ask some questions to Rod Benisson, one of the founders of the organization.
Rod, thank you for this interview. May I ask you what is the Minding Animals International Incorporated?
Minding Animals International Incorporated (MAI) provides an avenue for the transdisciplinary field of Animal Studies in all its guises (Human Animal Studies, Anthrozoology, Critical Animal Studies and so on) to be more responsive to the protection of animals. It is recognised that animal protection in this context encapsulates environmentalism, animal liberation, animal rights, wildlife protection, animal welfare and animal justice (in no particular order of importance).
Which is the main focus of the MAI and how it works?
MAI aims to enable discourse between the various interests (from the arts, literature, feminist studies, queer studies, law and public policy, to the humanities and cultural studies) within this rapidly developing transdisciplinary field in ways that will improve the status of non-human animals and alleviate nonhuman animal exploitation. As such, MAI facilitates research in Animal Studies as a conduit of non-governmental politics and action.
The structure and action of the MAI is a bridge between academia and advocacy …
Yes. MAI acts as a bridge between academia and advocacy and is a network of more than 3,000 academics, artists, activists and advocates, dedicated to the study and protection of all planetary life through the advancement of Animal Studies. Is organised by a Board of nine Directors, and has several functioning Advisory Committees. Minding Animals also has several groups operating in various parts of the globe, including Australia, Southern Africa and across Europe, including but not limited to Germany, Denmark, Norway and Italy. MAI is also an incorporated body in the US State of Delaware and is exempt under the US Federal Income Tax under Section 501(c)(3) of the Internal Revenue Code. As such, and as an official charity, all donations made to MAI Inc. in the USA qualify to receive tax deductibility.
The MAC3 is well attended, with about 320 delegates from 35 countries. Why the choice of India for this third meeting and what the relationship established with previous choices in Newcastle, Australia the first and in Utrecht, the second?
It is important for Minding Animals International to move around the globe – there was a decision made by the Board to move the tri-annual conference to a different continent and culture as was often feasible. Newcastle was chosen as it was where the founder of the organisation was located, Utrecht provided the winning 2012 bid, and New Delhi won the 2015 bid.
During the meeting of the Board of MAI that occur in the MAC3, a number of Minding Animals Groups were officially approved, included India, China, France, Mexico, New Zealand, USA and UK. What kind of changes it may take to the Animal Studies considering the spread of ideas and activities?
Minding Animals International considers the development of national based Animal Studies support groups as integral to the development of Animal Studies as growing and transitional transdiscipline.
In addition to these major meetings, the MAI supports the holding of conferences and seminars in universities all over the world, as will be the case in April in Birmingham, England, in June in Erlagen, Germany, in September in Stavanger, Norway, and in October in Lisbon, Portugal. What do you think is the evolution of interest in Animals Studies by the academia since the foundation of MAI?
MAI hopes that it has been integral to the development of Animal Studies as a transdisciplinary field. The organisation has seen the exponential development of animal studies even since its foundation after the first MA Conference in Newcastle in 2009 (which was in fact also the 3rd Australian Animal Studies Conference).
In the field of Animal Studies, how important can be to build relations between academia on one hand and activism, policy makers and society at large on the other hand?
Academics should not consider themselves as apart from society, but a part of it. MAI sees the development of Animal Studies as an academia field as vital for activism, policy development and for society, more generally.
*
Dr Rod Benisson, founder and chair of the board of Minding Animals has been involved in animal protection issues since the late 1970s, from the sidelines to being deeply immersed in animal rights activism. He was a sessional academic for 13 years and now manages a dedicated and tight-knit team of environmental scientists in an engineering and environmental consulting firm based in the Hunter Valley on Australia’s eastern seaboard. His doctoral thesis was entitled Ecological Inclusion and examined the interrelationships that exist between human and nonhuman animals, with particular attention drawn to the historical nature of those interrelationships. He has a strong interest in the intersection of animal and environmental protection, particularly the rationale of why some human animals view some nonhuman animals and plants as pests, feral, weeds or invasive, as being somehow ‘out of place’.
Ano II. Número V. Primavera 2015. Year II . Number V . Spring 2015
.
.
. .
–
The Rise (and Fall) of Critical Animal Studies Ascensão (e Queda) da Crítica em Estudos Animais por / by Steven Best
“The rapid surge in animal studies programs, moving it from the margins to the mainstream, is both laudable and lamentable. For as animal studies is a potential force of enlightenment and progressive change in public attitudes and policies toward nonhuman animals, its academic proponents can only advance it within tight institutional constraints and intensive normalizing regimes that frequently demand conformity, “neutrality”, disengaged detachment, and activism within narrowly accepted limits (…)”
.
.
Bonobos foram pela primeira vez documentados usando antigas ferramentas pré-agrícolas, quebrando ossos e usando lanças como armas de ataque.
Os biólogos documentaram grupos de bonobos realizando ações complexas para extrair alimentos – uma característica que tem sido até agora considerada como uma vantagem evolutiva exclusiva dos pré-humanos arcaicos.
Data : 30 Novembro 2015
Fonte : Universidade de Haifa
Pela primeira vez, um estudo científico observou bonobos (uma raça análoga aos chimpanzés), fazendo uso sofisticado de antigas ferramentas pré-agrícolas de um modo semelhante ao que até agora tem sido considerada prerrogativa de hominídeos pré-humanos arcaicos e outros membros do género Homo. Entre outras conclusões, um bonobo foi observado pela primeira vez a fazer e usar lanças num ambiente social com a finalidade de ataque e defesa. “Eu acredito que este estudo vai alterar os nossos preconceitos culturais sobre as capacidades inerentes e potenciais dos bonobos e chimpanzés”, diz Itai Roffman do Instituto de Evolução da Universidade de Haifa, que realizou o estudo (enquanto destinatário da Adams Fellowship da Academia Nacional de Ciências e Humanidades de Israel).
video do estudo :
preparation and use of varied natural tools for extractive foraging by bonobos
.
© Itai Roffman
.
Bonobos documented for first time using ancient pre-agricultural tools, breaking bones, and using spears as attack weapons
Biologists have documented groups of bonobos performing complex actions to extract food — a characteristic that has hitherto been regarded as an exclusive evolutionary advantage of archaic pre-humans.
Date: November 30, 2015
Source: University of Haifa
For the first time, a scientific study has observed bonobos (an analogous race to chimpanzees) making sophisticated use of ancient pre-agricultural tools in a manner similar to that which has hitherto been considered the prerogative of archaic pre-human hominins and other members of the Homo genus. Among other findings, a bonobo was observed for the first time making and using spears in a social setting for the purpose of attack and defense. “I believe that the current study will break down our cultural hang-up as humans concerning the inherent capabilities and potential of bonobos and chimpanzees,” says Itai Roffman of the Institute of Evolution at the University of Haifa, who undertook the study (as a recipient of the Adams Fellowship from the Israel National Academy of Sciences and Humanities).
video of the study :
preparation and use of varied natural tools for extractive foraging by bonobos
.
.
Peixes podem mostrar febre emocional: foi induzida hipertermia pelo stress em peixes-zebra
Saber se os peixes são seres sensíveis continua a ser uma questão não resolvida e controversa. Entre as características que se pensa reflectirem um nível baixo de sensibilidade nos peixes, está a incapacidade de mostrarem hipertermia induzida por stress (SIH) – um aumento transitório da temperatura corporal em resposta a uma variedade de factores de stress. Isto é, uma resposta de febre real, muitas vezes referida como “febre emocional’. Tem sido sugerido que a capacidade de manifestar febre emocional evoluiu apenas em amniotes (mamíferos, aves e répteis), associada com a evolução da consciência nestes grupos. De acordo com este ponto de vista, a falta de febre emocional nos peixes reflete uma falta de consciência. Neste artigo, relatamos um estudo no qual (…) peixe-zebra tem claramente a capacidade de mostrar febre emocional. Embora a ligação entre emoção e consciência ainda esteja em discussão, esta descoberta remove um argumento fundamental para a falta de consciência em peixes.
Publicado 25 Novembro 2015.DOI: 10.1098/rspb.2015.2266 artigo aqui . 
.
Fish can show emotional fever : stress-induced hyperthermia in zebrafish
Whether fishes are sentient beings remains an unresolved and controversial question. Among characteristics thought to reflect a low level of sentience in fishes is an inability to show stress-induced hyperthermia (SIH), a transient rise in body temperature shown in response to a variety of stressors. This is a real fever response, so is often referred to as ‘emotional fever’. It has been suggested that the capacity for emotional fever evolved only in amniotes (mammals, birds and reptiles), in association with the evolution of consciousness in these groups. According to this view, lack of emotional fever in fishes reflects a lack of consciousness. We report here on a study in which six zebrafish groups with access to a temperature gradient were either left as undisturbed controls or subjected to a short period of confinement. The results were striking: compared to controls, stressed zebrafish spent significantly more time at higher temperatures, achieving an estimated rise in body temperature of about 2–4°C. Thus, zebrafish clearly have the capacity to show emotional fever. While the link between emotion and consciousness is still debated, this finding removes a key argument for lack of consciousness in fishes.
Published 25 November 2015.DOI: 10.1098/rspb.2015.2266
.
.
Bird brain? Birds and humans have similar brain wiring
“A researcher from Imperial College London and his colleagues have developed for the first time a map of a typical bird brain, showing how different regions are connected together to process information. By comparing it to brain diagrams for different mammals such as humans, the team discovered that areas important for high-level cognition such as long-term memory and problem solving are wired up to other regions of the brain in a similar way. This is despite the fact that both mammal and bird brains have been evolving down separate paths over hundreds of millions of years.”
photo Xavier Allard
You may have more in common with a pigeon than you realise, according to new research
(17 July 2013) Imperial College London
Onur Güntürkün, Martin Wild, Toru Shimizu, Verner P. Bingman, Murray Shanahan. Large-scale network organization in the avian forebrain: a connectivity matrix and theoretical analysis.
.
Frontiers in Computational Neuroscience, 2013; 7 DOI: 10.3389/fncom.2013.00089
.
.
A Revolution in Our Understanding of Chicken Behavior
“What we’ve learned about the avian brain and behavior in just the last 15 years contradicts hundreds of years of misinformed views about chickens and other birds. Much of what was previously thought to be the exclusive domain of human / primate communication, brain and cognitive function, and social behavior is now being discovered in chickens and other birds. It’s nothing short of a revolution in our understanding of chickens!”
.
.
The Chicken Challenge – What Contemporary Studies Of Fowl Mean For Science And Ethics
by Carolynn L. Smith , Jane Jonhson (August, 2012)
“abstract – Studies with captive fowl have revealed that they possess greater cognitive capacities than previously thought. We now know that fowl have sophisticated cognitive and communicative skills, which had hitherto been associated only with certain primates. Several theories have been advanced to explain the evolution of such complex behavior. Central to these theories is the enlargement of the brain in species with greater mental capacities. Fowl present us with a conundrum, however, because they show the behaviors anticipated by the theories but do not have the expected changes in the brain. Consequently fowl present two challenges of interest to us here. One is a scientific challenge to explain their remarkable capabilities. The other is an ethical challenge regarding our treatment of animals with higher cognitive skills”
.
.
Descobertos nas aves os fundamentos da empatia
The foundations of empathy are found in the chicken
photo Marj Beach
Estudo sobre as mentes de galinhas domésticas, realizado na Universidade de Bristol, pelo grupo de pesquisa do Bem-Estar e Comportamento Animal, da Faculdade de Ciências Veterinárias, financiado pela Iniciativa Welfare BBSRC Animal, e publicada online na revista Proceedings da Royal Society B (http://rspb.royalsocietypublishing.org/)
Este foi o primeiro estudo a demonstrar que as aves possuem um dos importantes atributos que sustentam a empatia, e o primeiro a utilizar métodos comportamentais e fisiológicos para medir essas características nas aves.
A study by academics at the University of Bristol’s Animal Welfare and Behaviour research group in the School of Veterinary Sciences, funded by the BBSRC Animal Welfare Initiative, published online in the Proceedings of the Royal Society B (http://rspb.royalsocietypublishing.org/).
The study is the first to demonstrate that birds possess one of the important attributes that underpins empathy, and the first study to use both behavioural and physiological methods to measure these traits in birds.
(9 March 2011) in Bristol University
.
.
India Bans Animal Dissecation on Universities
Índia Acaba com a Dissecação Animal nas Universidades
“In an unprecedented move aimed at removing cruelty from higher education, India has banned dissection and experimentation on animals at the nation’s universities. Instead, students will learn about anatomy through humane alternatives, like computer simulators that replicate the experience without requiring any animals be killed.
According to an estimate from PETA India, the ban will save the lives of 19 million animals every year.
India’s University Grants Commission (UGC), which ordered an immediate end to training methods lethal to animals in both undergraduate and postgraduate programs, says the decision came about over concerns that too many animals were being taken from the wild.”
Stephen Messenger (7 August 2014) in The Dodo
.
.
.
.
Polvo Fêmea Protege Os Seus Ovos Durante 53 Meses. Depois, Morre.
Octopus Cares For Her Eggs For 53 Months, Then Dies.
by / por Ed Yong
Graneledone boreopacifica caring for her eggs in Monterey Canyon (MBARI, 2007)
“For many a female octopus, laying eggs marks the beginning of the end. She needs to cover them and defend them against would-be predators. She needs to gently waft currents over them so they get a constant supply of fresh, oxygenated water. And she does this continuously, never leaving and never eating.
When the eggs hatch, she dies, starving and exhausted. As biologist Jim Cosgrove says, “No mother could give more”.”
article research by , Brad Seibel,
.
. .
Griffin o papagaio cinza parece entender os benefícios da partilha
Um estudo que investiga a capacidade dos papagaios cinzentos compreenderem a noção de partilha sugere que eles possam aprender os benefícios da reciprocidade.
publicado por Marie Daniels – PR Officer da Universidade de Lincoln, em 26 de Fevereiro de 2014.
.
A study into whether grey parrots understand the notion of sharing suggests that they can learn the benefits of reciprocity.
published by Marie Daniels – PR Officer, University of Lincoln on 26th February 2014.
The team: Franck Péron, Luke Thornberg, Brya Gross, Suzanne Gray, Irene M. Pepperberg. Human-grey parrot (Psittacus erithacus) reciprocity: a follow-up study. Animal Cognition. DOI 10.1007/s10071-014-0726-3
.
.
Elefantes asiáticos ( Elephas maximus ) tranquilizam os outros que se encontram em perigo
“O contato direccionado de espectadores não envolvidos para com os outros em perigo, muitas vezes chamado de consolo, é raro no reino animal, e até agora só demonstrado nos grandes macacos, nos cães e nos corvos . Enquanto que o contexto agonístico típico de tal contato é relativamente raro no seio das famílias naturais elefante, outras causas de sofrimento pode desencadear respostas semelhantes na consideração pelos outros. Num estudo realizado num campo de elefantes na Tailândia, descobrimos que os elefantes se filiavam significativamente mais com os outros através de contato físico directo e de comunicação vocal após um evento angustiante do que em períodos de controle . Além disso, os espectadores filiados que manifestam correspondência ao comportamento e estado emocional do primeiro indivíduo angustiado, sugerem o contágio emocional. As respostas iniciais de socorro foram esmagadoramente dirigidas a estímulos ambíguos, tornando-se difícil determinar se os espectadores reagiram ao indivíduo angustiado ou se mostravam uma resposta atrasada ao mesmo estímulo. No entanto, a direccionalidade dos contactos e a sua natureza sugerem fortemente atenção para com os estados emocionais de indivíduos da mesma espécie. O comportamento dos elefantes é, portanto, melhor classificado, com as respostas similares de consolação em macacos, possivelmente baseado na evolução convergente de capacidades de empatia”.
Plotnik JM, de Waal FB. (2014) Asian elephants (Elephas maximus) reassure others in distress. PeerJ 2:e278
Filme Suplementar 1
Antes do início deste clip, uma vítima, JK (o primeiro em off) emite burburinhos e rugidos em resposta a um estímulo identificável (o rugido de um elefante touro num acampamento próximo não relacionado). MP, o espectador emite burburinhos em resposta e então inicia contacto correndo em direção a JK. Estabelece contato físico, tocando no rosto de JKs rosto após uma sequência de silvos. Ambos os indivíduos vocalizam enquanto com as trombas tocam um no outro. Nessa interação, as vocalizações mais notáveis são burburinhos, trombetas e silvos. Além disso, ambos os elefantes colocam as suas trombas na boca do outro.
(tradução ildateresacastro)
.
Asian elephants (Elephas maximus) reassure others in distress
“Contact directed by uninvolved bystanders toward others in distress, often termed consolation, is uncommon in the animal kingdom, thus far only demonstrated in the great apes, canines, and corvids. Whereas the typical agonistic context of such contact is relatively rare within natural elephant families, other causes of distress may trigger similar, other-regarding responses. In a study carried out at an elephant camp in Thailand, we found that elephants affiliated significantly more with other individuals through directed, physical contact and vocal communication following a distress event than in control periods. In addition, bystanders affiliated with each other, and matched the behavior and emotional state of the first distressed individual, suggesting emotional contagion. The initial distress responses were overwhelmingly directed toward ambiguous stimuli, thus making it difficult to determine if bystanders reacted to the distressed individual or showed a delayed response to the same stimulus. Nonetheless, the directionality of the contacts and their nature strongly suggest attention toward the emotional states of conspecifics. The elephants’ behavior is therefore best classified with similar consolation responses by apes, possibly based on convergent evolution of empathic capacities.”
Plotnik JM, de Waal FB. (2014) Asian elephants (Elephas maximus) reassure others in distress. PeerJ 2:e278
Supplemental Movie 1
Prior to the start of this clip, a victim, JK (at first off-camera) rumbles and roars in response to an identifiable stimulus (a bull elephant roaring in a nearby, unrelated camp).MP, the bystander rumbles in response, then initiates contact by running toward JK. She makes physical contact by touching JKs face following a chirp sequence. Both individuals vocalize when within trunks reach of each other. In this interaction, the most notable vocalizations are rumbles, trumpets, and chirps. Also, both elephants put their trunks to or in each others mouths.















